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Foto do escritorpor Rica Inocente

“Novo normal” já pode ser visto em prática no Brasil

Resumo da Semana de hoje mostra como normalizar a morte de mais de 100 mil pessoas

A vida tem tentando se engrenar novamente com os planos de reabertura dos estados, que acreditam que podem lidar com a retomada dos comércios e o aumento de casos do novo coronavírus. Eles estão enganados, mas ainda não enxergam isso.


Mas em paralelo ao vírus, que já acumula mais de 100 mil vítimas no Brasil, o mundo segue em frente, com explosões catastróficas, vacinas duvidosas e casos de preconceito, e o por Rica Inocente vem falar sobre esses acontecimentos hoje. Confira!


100 mil vidas perdidas

No último sábado, 8 de agosto, o Brasil atingiu a marca de 100 mil mortes causadas pelo novo coronavírus.


Apesar da péssima notícia, os veículos de comunicação responsáveis pela apuração dos números dos casos e óbitos acreditam que esse número pode ser bem maior, devido aos indícios de subnotificação.


De acordo com com a publicação da Folha de S. Paulo, cerca de 5% das cidades do Brasil possuem mais habitantes que o montante de óbitos registrados até o sábado. Desses municípios, 92 ainda não tinham registrado, até o dia 7 de agosto, nenhum caso de Covid-19.


Mas independente da quantidade, morte é morte e isso não é a informação que esperamos dar ou receber. São vidas que se perderam, histórias, sonhos, amores, expectativas, esperanças. 100 mil pessoas que ainda tinham muito o que fazer nessa vida, mas foram levadas pela pandemia.

Entretanto o número parece não comover o presidente da República. Em uma das suas lives corriqueiras, Jair disse lamentar as perdas “seja qual for a sua causa”, atrevendo-se a culpar o isolamento social como uma das possíveis causas das mortes no país.


Como dito desde o início da pandemia, a OMS (Organização Mundial da Saúde) aponta o isolamento social como única forma de combater a disseminação do Covid-19. Mesmo assim, Bolsonaro acredita que isso é a causa dos óbitos registrados nos últimos dias e não sua administração furreca e sem responsabilidade social.


Para piorar sua aparição habitual nas redes sociais, Jair continuou “vendendo” a hidroxicloroquina como um tratamento viável para o novo coronavírus, mesmo os diversos estudos apontando o contrário. O presidente também sugeriu que os óbitos por Covid-19 estão sendo registrados de forma errônea.

Segundo o próprio Jair, que se baseou em fontes não confiáveis para falar isso, mortes por outras calamidades estão sendo registradas como coronavírus. O motivo? Ninguém sabe!


Sua insensibilidade não termina aí. Além de já ter afirmado que fez o possível para o combater a pandemia (risada de sarcasmos), Bolsonaro disse que todos lamentam as mortes, mas “ vamos tocar a vida e buscar uma maneira de se safar deste problema”.


Famílias perdendo membros importantes, vidas se esvaindo, mas bora tocar a vida porque ele nunca teve responsabilidade sobre o bem-estar brasileiro mesmo.


De acordo com o levantamento mais recente realizado pelo consórcio da imprensa, o Brasil conta com 3.230.436 casos confirmados e 105.615 mortes pelo novo coronavírus. Dados desta manhã, 14 de agosto.


No mundo, o planeta contabiliza 20.952.811 pacientes e 760.235 óbitos, sendo os maiores detentores:


  • Estados Unidos - 5.254.878

  • Brasil - 3.230.436

  • Índia - 2.461.190

  • Rússia - 910.778

  • África do Sul - 572.865





Explosão de Beirute

A explosão que destruiu não apenas parte da capital do Líbano, mas eclodiu todo o sistema político de um país.


Antes de falar sobre o incidente que aconteceu na terça-feira, 4 de agosto, vamos contextualizar a situação do país e porque a explosão causou a movimentação que vemos nos últimos dias.


O Líbano passa por uma fase crítica, imerso em escândalos de corrupção, o Estado enfrenta uma crise político-econômico, regada a episódios revoltantes de falta de fornecimento de energia para todo o país, a pandemia e outros problemas. A mega explosão foi apenas a cereja no topo do bolo de indignação da população.


O incidente reanimou os manifestantes contra o governo e o país enfrenta uma zona de guerra, tentando se reconstruir da explosão e em confronto com a população que pede por mudanças.


Mas voltando ao tópico principal, o que culminou todo esse caos foi uma explosão causada no porto de Beirute no final da terça-feira, dia 4 de agosto, que devastou cerca de 10 km da cidade ao redor do porto. As imagens da explosão são inacreditáveis.


A detonação foi causada devido ao armazenamento incorreto por seis anos de 2.750 toneladas de nitrato de amônio. Apesar de não inflamar por conta própria, a substância precisa ser armazenada de maneira especial, para não ter contato com reações químicas que instiguem a sua explosão.


O acidente ceifou 171 pessoas e deixou outros 6 mil feridos, de acordo com o informe de uma informante anônima do Ministério da Saúde do Líbano, divulgado no dia 11 de agosto.


Vida política do Líbano


Assim como mencionado no começo do tópico, o Líbano passa por uma crise política-econômica antes mesmo da pandemia e da explosão. A causalidade só aumentou a revolta da população


As ruas foram inundadas por manifestações desde a detonação e isso levou a renúncia de diversos políticos “por causa da forte corrupção enraizada no governo libanês”. O mais recente foi o primeiro-ministro Hassan Diab, na segunda-feira, 10 de agosto.


Hassan afirmou que a explosão foi “resultado da corrupção endêmica” e que descobriu que “o sistema de corrupção é maior que o Estado”. Um discurso muito parecido foi feito pelos ministros da Justiça, Informação e Meio Ambiente, que saíram do cargo após a explosão.


A população, e aparentemente os ex-ministros, culpam o governo pelo acidente devido a negligência e à forte cadeia corrupta que domina o país. Para confrontar a situação, após a mega explosão, manifestantes que estavam se guardando devido a pandemia do novo coronavírus, saíram às ruas e invadiram prédios do governo e entraram em confronto com a polícia.


Mas a crise não é recente. A população está revoltada com o governo há alguns anos e eclodiu no final de 2019, quando a gestão do país anunciou que iria cobrar impostos sobre o uso do aplicativo WhatsApp.


As agências da ONU acreditam que o país enfrentará uma crise humanitária caso não comece a receber apoio de outras nações. A crise do Estado já levaram centenas de família à pobreza e os danos causados pela explosão superam as economias do país, colocando o Líbano numa situação ainda mais precária.


Não foi a primeira vez

O incidente em Beirute chocou a todos ao redor do mundo. Os vídeos da explosão atingiram as redes sociais antes mesmo das primeiras notícias na TV e muitos acompanharam o desenrolar da história para saber o que estava acontecendo.


O culpado de tanta agitação foi o nitrato de amônio, estocado de maneira irregular no armazém do porto da capital do Líbano durante seis anos. A substância é um tipo de sal granulado usado como base na criação de fertilizantes para plantações.


O elemento não possui cheiro, é solúvel na água e é rico em nitrogênio. Sozinho, o nitrato de amônio não é explosivo, mas reage facilmente o calor, que foi o que aconteceu em Beirute, quando a matéria reagiu ao fogo que se espalhou pelas docas.


Apesar do acidente ter surpreendido a todos, não foi a primeira vez que o nitrato de amônio causou uma explosão como essa. A substância já esteve presente em outras detonações ao longo dos séculos, causando a mesma destruição. Você pode conferir alguns dos incidentes na publicação acima.


Aqui você também pode conhecer alguns outros acontecimentos: “Além do Líbano: 5 tragédias causadas pela explosão de nitrato de amônio”.


Brasil envia ajuda humanitária


Como Bolsonaro tem lidado muito bem com a sua crise interna, resolveu demonstrar isso enviando ajuda humanitária ao Líbano.


Na última quarta-feira, 12 de agosto, uma missão especial partiu do Brasil em direção ao país, chefiada pelo ex-presidente Michel Temer. A ajuda leva seis toneladas de produtos assistenciais, como medicamentos, alimentos e equipamentos de saúde doados.


Apesar de ser um passo de solidariedade e o Líbano necessitar esse apoio, Jair poderia demonstrar o mesmo interesse às vítimas do Covid-19 aqui no país.



Investimento na “Vacina de Oxford”

Na sua busca por mostrar que “fez o possível” no combate ao coronavírus, Bolsonaro assinou no dia 6 de agosto uma medida provisória que libera R$ 1,9 bilhões para a produção de ao menos 100 milhões de doses da vacina de Oxford contra o novo coronavírus.


O medicamento está sendo elaborado pela Universidade de Oxford e se encontra em fase de testes. O objetivo do governo é que, caso a vacina seja promissora, o país inicie uma campanha de vacinação em 2021.


Apesar de assinada, a MP precisa ser analisada pelo Congresso Nacional, que tem um prazo de até 120 dias para aprová-lo. Caso seja aceita, o valor fica liberado assim que o texto foi publicado no Diário Oficial da União.


Entre as vacinas produzidas, a da Universidade de Oxford é a mais promissora. Pesquisadores envolvidos com a vacina apontam que o tratamento induz resposta imune no corpo dos voluntários e que ela deverá ser tomada em duas doses, para reforçar a imunidade.


Falando em vacina, você tomaria a russa?

Nesta terça-feira, 11 de agosto, o governo russo aprovou a primeira vacina contra o Covid-19. O medicamento foi desenvolvido pelo Instituto Gamaleya de Moscou e foi “aceita” após dois meses de testes em humanos.


Mas a rapidez da vacina preocupa especialistas. A Rússia não divulgou os dados sobre o andamento e o desenvolvimento da vacina, assim como não apresentou as informações sobre os resultados da vacina durante os supostos testes.


Convencido do potencial da vacina, Putin, presidente da Rússia, anunciou que uma de suas filhas foi tratada com o medicamento e que ela “se sente bem”, após tomar duas doses da vacina e ter registrado aumento de temperatura nas duas vezes.


O Ministério da Saúde pretende começar uma campanha de vacinação em massa a partir de outubro, assim que os testes governamentais estiverem concluídos. O cronograma prevê a imunização dos profissionais da saúde, seguido pelos idosos e todos os custos serão bancados pelo país.


Apesar do registro, a falta de informações abre um precedente, encorajando outras instituições a agirem da mesma forma. O governo russo enfatizou que a sua vacina é a primeira a ser aprovada, parecendo mais uma competição do que uma busca por imunização da população.


Aproveitando-se da deixa, o governo paraense se mostrou interessada pela vacina russa e pretende assinar um acordo para a produção do antivírus. Mas antes de chegar ao consumidor final (população), a Anvisa - Agência Nacional de Vigilância Sanitária - precisa avaliar o imunizante e ver se ele segue todos os protocolos da instituição.


Até o momento a agência não recebeu nenhuma solicitação para pesquisa e registro da vacina russa.


Fonte: G1 | G1 | CNN Brasil


Campinas avança no Plano São Paulo

A partir do dia 8 de agosto a cidade de Campinas entrou para a Fase Amarela do Plano de São Paulo para a reabertura do comércio e volta as atividades econômicas. Por apresentar certa estabilidade na disseminação do vírus, a metrópole ganhou o direito de flexibilizar o funcionamento dos estabelecimentos.


Entre as atividades econômicas que estão de volta se encontram os bares e restaurantes, que reabrem para consumo no local , salões de beleza e derivados, que devem conter o funcionamento recebendo até 40% do seu público, as academias, que irão trabalhar com restrições, escritórios, cursos, parques e clubes, templos religiosos, shoppings, comércio de rua e alguns outros estabelecimentos.

Todos deverão seguir algumas regras sanitárias e de contingenciamento para evitar que a fiscalização feche-os por atuar contra as determinações.



Fonte: G1


Preconceito na pandemia

Os casos de preconceito não tiveram uma queda durante a pandemia. Os movimentos do Black Lives Matter” tiveram palco na quarentena após a morte de George Floyd, homem negro que foi asfixiado pela polícia em Minneapolis, em maio.


Como se não bastasse os casos do coronavírus, a perseguição aos negros e as populações periferia não tive um descanso. De acordo com as informações apresentadas pelo Resumo da Semana do dia 17 de julho, de janeiro a maio deste ano houveram 442 vítimas mortas por policiais, o maior número registrado desde o começo da série histórica, iniciada em 2001.


Mas o preconceito nunca é admitido, por isso segue acontecendo. Os casos mais recentes aconteceram no mesmo final de semana, com menos de 24h de diferença.


Valinhos/SP | Matheus Pires

No dia 7 de agosto, o motoboy que trabalha como entregador do IFood, Matheus Pires, foi realizar mais uma entrega de rotina em um condomínio da cidade de Valinhos/SP quando foi vítima de preconceito.


Conhecido por menosprezar os entregadores e obrigá-los a caminhar até sua casa para deixar seus pedidos, o destinatário, Mateus Abreu Almeida Prado Couto, desferiu diversas ofensas ao motoboy após este comentar sobre o seu comportamento.


O vídeo gravado por um dos vizinhos do integrante do condomínio viralizou nas redes sociais e lá é possível ver a superioridade que Mateus Abreu acredita ter sobre Matheus Pires, que não se deixou levar pelas ofensas, respondeu o acusador e ainda chamou a polícia para registrar o crime.


A família do preconceituoso tentou explicar o comportamento do homem, falando que ele sofre de esquizofrenia, mas Mateus Abreu já esteve envolvido em outros casos de preconceito e também de ataque de fúria contra outros moradores do condomínio.


É importante enfatizar que nada explica o preconceito, não há justificativas para esse comportamento.


Como resposta ao ocorrido, o IFood se pronunciou dizendo que “racismo é crime” e que “presta solidariedade e apoio ao entregador”. A plataforma de delivery também baniu Mateus Abreu do aplicativo.


Quanto a Matheus Pires, ele recebeu o apoio de todos quando o caso veio à tona. Ganhou motos e também arrecadou mais de R$ 150 mil reais em uma vaquinha online que abriram para auxiliar o motoboy.


Rio de Janeiro | Matheus Fernandes

No sábado, 8 de agosto, Matheus Fernandes, que também trabalha como entregador de aplicativos, foi até o shopping Ilha Plaza Shopping, na Ilha do Governador, na Zona Norte do Rio, trocar um presente que havia comprado para o seu pai. Em suas palavras, ele queria trocar o relógio que havia adquirido por outro que tivesse mais a “cara” do homenageado.


Nesse empreitada, dois policiais “confundiram” Matheus com um ladrão, mesmo com ele afirmando que frequenta o espaço diariamente, devido as entregas de alimentos que faz para os restaurantes do complexo.


O menino foi arrastado para uma escada de incêndios e imobilizada por dois homens muito maiores que eles, mesmo sem reagir aos ataques. Nos vídeos que rodam na internet é possível ver que Matheus não sabia o que estava acontecendo e que quando estava sentado no chão, com diversos clientes do shopping gritando em sua defesa, ele afirma que teria ido a loja apenas para trocar um mero relógio.


O caso está em investigação e o delegado responsável afirma que o incidente está sendo averiguado como crime de racismo. Apesar das desculpas fajutas utilizadas pelos agressores para tentar explicar o que aconteceu, o menino de 18 anos tinha como provar o que estava falando, mostrando que o ocorrido foi apenas mais um caso de preconceito.


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