Mês mais longo do ano passou tão rápido quanto o breve frio do ‘inverno’ brasileiro, deixando para trás as derrotas de Bolsonaro e catástrofes internacionais
O tempo parece estar retrocedendo. Em menos de um mês tivemos a volta do Talibã, a PEC do Voto Impresso e desfile das “forças militares” em Brasília, para entregar um “convite” ao excelentíssimo presidente do Brasil.
São fatos que colocam em prova o ano que realmente estamos. Vivemos em 2021 ou 1990?
Para tentar se prender a realidade, e ter certeza do ano em que vive, confira o Resumo da Semana:
Derrota de Bolsonaro
A batalha do presidente Jair contra o sistema de urnas eletrônica chegou ao fim no dia 10 de agosto, quando a Câmara dos Deputados decidiu rejeitar e arquivar a PEC que propunha o voto impresso nas próximas eleições.
Depois de semanas provocando o Tribunal Superior Eleitoral, a Câmara não correspondeu aos anseios de Bolsonaro, tendo apenas 229 deputados votando a favor do voto impresso. A PEC precisava de 308 votos. O presidente afirmou em entrevista, após o fim da votação, que os deputados que não votaram a favor, ou não opinaram a respeito, estavam com “medo de represálias”.
Lembrando que o por Rica Inocente falou sobre isso na última Conversa da Semana! Assista:
Fim da pandemia?
O governo do estado de São Paulo teve a brilhante ideia de dar um fim às medidas de restrição de horários e públicos na terça-feira da semana passada. Com isso, bares, restaurantes, espaços de eventos, entre outros, podem receber pessoas sem qualquer limitação. Para isso, os comércios devem exigir que o cliente use máscara o tempo todo e que mantenha o distanciamento (risos irônicos).
Mas, se antes já estava difícil controlar a população, agora vai ser pior ainda. No primeiro final de semana do fim das restrições, 21 e 22 de agosto, diversos vídeos circularam na internet de aglomerações por todo o estado, de bares lotados e pessoas sem máscaras nas calçadas. Muitas imagens eram de bares boêmios da cidade de São Paulo.
Lembrando que a pandemia ainda não acabou, a população não está 100% imunizada, no máximo, a população adulta tem a 1º dose do imunizante e, para completar, os adolescente não estão fazendo sua parte no pacto social da vacinação.
Passaporte de vacinas
Com o fim das restrições, o estado de São Paulo começou a entender a importância da população PRECISAR estar vacinada, por isso, a prefeitura anunciou na terça-feira, 23 de agosto, a obrigatoriedade de estar imunizado para entrar nos estabelecimentos de São Paulo.
Eles vão “lançar” um passaporte de vacinação que será exigido na entrada dos comércios e serviços nas próximas semanas. A ideia é incentivar a vacinação geral, fazendo com que as pessoas, de todas as faixas etárias, se imunizem nos próximos dias para terem acesso aos serviços da cidade.
O passaporte será feito através de um aplicativo, o e-SaudeSP, onde ficarão todas as informações do usuário, com base nos dados do Ministério da Saúde. Quem não tiver acesso ao aplicativo, poderá usar o comprovante físico para provar que foi vacinado contra o Covid-19.
Variante delta
Diante do fim das restrições, o avanço da variante delta chama a atenção dos especialistas. Até o dia 17 de agosto, os dados do Ministério da Saúde registravam 41 óbitos relacionados a delta e 1.051 casos de pacientes infectados com ela.
O perigo da delta está no fato de seus sintomas serem muito parecidos com os da gripe convencional, o que pode levar o paciente a achar que não é nada muito sério. Fora que ela é muito mais transmissível, o que torna a sua disseminação ainda mais fácil, já que a população voltou a circular com mais frequência.
Nota contra a reabertura
Após o anúncio do governador João Doria, sobre o fim das restrições, a Sociedade Paulista de Infectologia emitiu uma nota criticando o fim das medidas de seguranças impostas no estado de São Paulo. Os infectologistas demonstram uma “extrema preocupação com a flexibilização” e acreditam que isso deveria ser feito de forma gradual.
Os profissionais falam que a imunização da população adulta apenas com a primeira dose da vacina não é o suficiente para proteger as pessoas da variante delta, e que países com altas taxas vacinais registraram aumento dos casos de contaminação e morte, assim como retrocesso no fim das restrições.
Fim das máscaras
Diante dessa realidade, ancorado nas vozes da sua cabeça, Jair Bolsonaro acredita que esse é o momento ideal para acabar com o uso obrigatório de máscaras. Na segunda-feira, 23 de agosto, o presidente disse que ia pedir um estudo ao Ministério da Saúde e conversar com o ministro, Marcelo Queiroga, para dar uma “solução” para esse caso.
Em entrevista à Rádio Nova Regional, do Vale do Ribeira/SP, Bolsonaro falou sobre o fim do uso das máscaras e afirmou que quem já contraiu o vírus já está imunizado, o que está errado. Um artigo dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos (CDC/EUA), de abril deste ano, mostra que a pessoa que se contaminou uma vez com o Covid-19, com sintomas brandos ou até mesmo assintomáticos, pode se reinfectar, inclusive com a mesma variante. Na segunda vez os sintomas podem ser mais fortes do que na primeira.
O presidente quer transformar a “obrigatoriedade” em “facultativo” e diz que outros países já adotaram o fim do uso das máscaras. O que não está errado, os EUA, por exemplo, anunciou em maio o fim do uso do item na maioria dos ambientes, já que a vacinação avançava no país. Porém, com o aumento dos casos, principalmente dos da variante Delta, o país estuda retomar a obrigatoriedade.
3ª dose
Por conta de tudo isso, mas principalmente pelo avanço da variante Delta, o Brasil, assim como outros países, vai adotar a aplicação de uma 3ª dose da vacina contra o Covid-19. Foi anunciado na quarta-feira, 25 de agosto, que a partir de setembro a vacinação vai ser retomada com os idosos com mais de 70 anos e com pessoas com baixa imunidade.
Segundo o Ministério da Saúde, a dose extra é indicada para os idosos que completaram o esquema vacinal há mais de seis meses e, no caso dos imunossuprimidos (baixa imunidade), a aplicação deve ocorrer 28 dias após a segunda dose.
As vacinas usadas nessa dose de reforço serão, preferencialmente as da Pfizer, mas vão ser consideradas as da AstraZeneca e da Janssen.
Retorno do Talibã
Após 20 anos afastado do poder do Afeganistão, o grupo extremista retomou os holofotes no dia 15 de agosto, quando ocupou a capital do país, Cabul, num avanço provocado pela redução das tropas militares estrangeiras, que se retiram do país desde o final de 2020, resultado de um acordo realizado entre o ex-presidente Donald Trump e os negociadores do Talibã.
A volta da organização não deixou os afegãos felizes, que tentam, desde o dia 15, fugir do país no desespero. Nos dias seguintes à ocupação, diversas imagens do aeroporto de Cabul viralizaram nas redes sociais, onde mostram pessoas tentando invadir as pistas de decolagem, subindo em aeronaves e até mesmo pessoas caindo dos aviões que já haviam decolado.
O desespero é tanto que pais passam seus filhos por cima dos muros para militares americanos na tentativa de dar a eles uma vida mais tranquila do que a que eles tiveram durante o governo Talibã na primeira ocupação, que durou de 1994 a 2001.
Segundo o acordo, as tropas estrangeiras devem deixar o país até o dia 31 de agosto, próxima terça-feira. Contudo, ainda existem ao menos 250 mil afegãos que trabalham para os EUA no Afeganistão e o ritmo atual de retirada mostra que não será possível retirar essas pessoas até o prazo final.
O presidente Joe Biden já afirmou que não vai estender o prazo, assim como o Talibã afirmou que não vai concordar com aumentar a data limite para retirar todas as tropas e aliados do país. Diante da crise, na quinta-feira, 26 de agosto, autoridades dos EUA, Reino Unido e Austrália pediram para que as pessoas se afastem do aeroporto de Cabul devido a uma ameaça terrorista contra o local.
O Talibã
Para quem não sabe, ou é muito novo para lembrar do terror do Talibã, como a escritora do blog, a organização é um grupo extremista que surgiu há quase 30 anos, no Afeganistão, formado por ex-combatentes que lutavam contra as forças soviéticas que tentavam tomar o país em 1994. Eles possuem uma própria interpretação das leis islâmicas, impondo elas de forma muito mais rígidas.
Isso é um dos motivos do desespero dos afegãos para sair do país, ainda mais as mulheres. De 1996 a 2001, tempo que tiveram total controle do país, eles proibiram as mulheres de estudar, trabalhar e elas deviam ficar confinadas em casa e, quando saíssem, deveriam estar acompanhadas de um homem e usarem a burca que mostra apenas os olhos.
Os homens deveriam deixar a barba crescer e todo tipo de conteúdo ocidental era proibido. As “transgressões” eram punidas com execuções públicas e açoitamentos.
Contudo, ao tomar o poder no meio de agosto, os porta-vozes anunciaram que iam ter uma postura mais branda em relação ao primeiro governo, o que não se concretizou, já que houve relatos de execuções de familiares de jornalistas, mulheres agredidas até a morte e indícios de casamentos forçados em vilarejos do país.
Fonte: G1 | G1 | G1 | CNN Brasil | CNN Brasil
Terremoto do Haiti
A vida no Haiti, localizado no Caribe, não está nada fácil. No dia 14 de agosto foi atingido por um terremoto de magnitude 7,2, em seguida, o país foi atingido pelo ciclone tropical Grace no dia 17 e, no dia 18, sofreu com outro temor, esse de magnitude 4,9. Os desastres naturais já ocasionaram mais de 2.100 mortes, com mais de doze mil pessoas feridas e 32 desaparecidas.
Mas isso não é tudo, Haiti vem sofrendo com uma crise política, já que o presidente do país foi assassinado por um grupo de mercenários, e também por uma crise humanitária, já que não se recuperou do terremoto de 2010, que atingiu o país com uma magnitude de 7 graus.
Fonte: G1 | G1 | Brasil Escola
Bolsonaro X STF
O Bolsonaro gosta de travar batalhas que sabe que não vai vencer. A única coisa que venceu foi a eleição, que ainda julga ter sido fraudada. Vai entender.
Depois da derrota do voto impresso, veio sua briga com os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). No dia 13 de agosto o ex-deputado federal, Roberto Jefferson, foi preso devido às investigações das milícias digitais. Roberto é “amigo” de Bolsonaro.
‘Desapontado’ com essa prisão e a negativa a PEC do voto impresso, no dia 14, Bolsonaro afirmou nas redes sociais que os ministros do STF, Luis Roberto Barroso e Alexandre de Moraes, “extrapolam com atos os limites constitucionais” e que entraria com um pedido para um processo para investigar os dois.
No final da semana seguinte, funcionários do Palácio do Planalto entregaram ao Senado um pedido de impeachment do ministro Alexandre de Moraes. O documento possuía 19 páginas e pedia a destituição do ministro do STF e a inabilitação dele para exercício da função pública durante oito anos.
Mas na quarta-feira desta semana, 25 de agosto, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, rejeitou o pedido de Bolsonaro. Ele disse que enviou o processo à Advocacia-Geral do Senado para ter um parecer jurídico e técnico sobre a solicitação e chegou a conclusão que o documento carece de justa causa e tipicidade. Ou seja, outra derrota para o presidente.
Água batendo na b****
Diante da crise institucional, governadores de 24 estados e do Distrito Federal resolveram se reunir nesta semana em Brasília para discutir "assuntos de interesse dos estados”, como a reforma tributária e também falar sobre a crise entre os poderes, que acabou se tornando a pauta central do encontro.
Todos se mostraram preocupados com a situação na qual Bolsonaro colocou o país, tornaram o cenário político caótico e prejudicando também a economia do país. Ao final do encontro, os governadores decidiram por entregar um pedido oficial para audiência com o presidente Bolsonaro, os presidentes da Câmara e do Senado e também com os ministros do STF.
Agora é aguardar para saber se Jair vai aceitar o ‘encontro’!
Fonte: G1 | G1 | G1 | Correio Braziliense | Jornal Nacional | Estado de Minas
Respirando através de aparelhos
Como se 2020 já não tivesse queimado o suficiente, o clima seco de 2021 está tentando acabar com o resto dos biomas do Brasil.
Amazônia
De acordo com dados do Instituto do Homem ao Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), divulgados no dia 18 de agosto, a Amazônia perdeu de agosto de 2020 a julho de 2021 uma região equivalente a nove vezes o tamanho da cidade do Rio de Janeiro, o maior número dos últimos 10 anos. O desmatamento registrado em julho foi 80% maior do que o mesmo período de 2020.
Pantanal
Segundo as informações do Laboratório de Aplicação de Satélites Ambientais (Lasa), instituição vinculada à Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), o bioma já perdeu 261,8 mil hectares em 2021. A área é relativa a duas cidades do Rio de Janeiro.
E não é apenas isso. Além desses biomas, a Mata Atlântica, o Cerrado e a Caatinga também sofrem. Dados do Programa de Queimadas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) mostram que as regiões já registraram o maior número de focos de incêndio, no acumulado parcial do ano, comparado ao mesmo período de 2020. Os números revelam que a Atlântica registrou um aumento de 6,20%, o Cerrado de 11,55% e a Caatinga de mais de 100%.
O Brasil está em chamas! Mais uma vez ...
Deserto à vista
Como se não bastasse as queimadas, o tempo seco vai se tornar permanente, já que o Brasil está secando!
Segundo um levantamento inédito do MapBiomas, o Brasil perdeu 15,7% da superfície de água do país nos últimos 30 anos. De 1991 a 2020 a região hídrica saiu de 19 milhões de hectares para 16,6 hectares.
A diminuição desse território tem diversos culpados, entre eles a falta de chuva, o aumento da poluição e também do desmatamento. Principalmente o último. O documento mostra que o Rio Negro, que passa pela Amazônia, perdeu 22% da sua região desde os anos 90. Já o Rio São Francisco, que passa pelo Cerrado e pela Caatinga, perdeu 10% da sua superfície nos últimos quinze anos. Nesses dois, a maior causa foi a expansão da fronteira agrícola.
E o cenário tende a piorar. Com o aumento das queimadas, a devastação dos biomas contribui para o clima seco, o que não traz chuvas e que, consequentemente, não aumenta os níveis das regiões hídricas. É um ciclo sem fim!
Fonte: G1 | G1 | G1 | G1 | RNCD - Rede Nacional de Combate à Desinformação
Terras indígenas
Nesta semana, indígenas se reuniram em Brasília para protestar contra o processo que tramita no Supremo Tribunal Federal sobre as demarcações de terras indígenas. O tal “marco temporal” é um critério que avalia que os índios só podem reivindicar a demarcação das terras se já estivessem estabelecidos nelas antes da promulgação da Constituição de 1988.
De acordo com essa tese, a demarcação de terras indígenas se tornaria mais difícil pelos povos e foi usada em 2013, quando o Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4) concedeu ao Instituto do Meio Ambiente de Santa Catarina, antigo Fatma, a reintegração de posse de uma área localizada na Reserva Biológica do Sassafrás, onde está a Terra Indígea Ibirama LaKlãnõ, pertencente aos povos xokleng, guarani e kaingang.
O ministro Edson Fachin já se manifestou sobre o processo e se posicionou contra o marco temporal. Contudo é uma pauta bastante defendida pelos setores ruralistas e empresas privadas interessadas na exploração das reservas indígenas. A aprovação da tese iria acabar, de vez, com o resto da população nativa do Brasil, assim como o que eles protegem em suas reservas.
Combo da morte
Além do marco temporal, há em tramitação no Congresso cinco projetos de lei que alteram as regras de proteção de territórios e povos indígenas. Entre as PL que fazem parte do que estão chamado de “combo da morte” da área ambiental estão:
PL nº 490/2007 - restringe a demarcação de terras indígenas
PL nº 191/2020 - libera a mineração em terras indígenas
PL nº 3.729/2004 - flexibiliza e/ou extingue o licenciamento ambiental de obras e empreendimentos
PL nº 510/2021 - permite a legalização de terras públicas invadidas até 2014 e a titulação de áreas consideradas latifúndios
PL nº 4843/2019 - permite que o setor privado se aproprie de terras destinadas à reforma agrária e a titulação de áreas consideradas latifúndios
Os projetos de lei ganharam força no começo do Governo Bolsonaro, que teve grande apoio da bancada ruralista durante a sua eleição. Mas aprovar essas PL 's também vai de encontro às discussões que começaram ano passado, quando as queimadas tomaram os noticiários internacionais.
Diversos países europeus e também os EUA, anunciaram na época que iria impor algumas barreiras comerciais ao Brasil caso ele não adotasse políticas ambientais que garantisse a segurança dos biomas, e deixar de proteger as terras indígenas e nada mais nada menos do que colocar em risco o meio ambiente brasileiro.
Os povos aproveitaram o protesto contra o marco temporal para se manifestarem contra o “combo da morte” também. Famosos como o artista Vitão e o DJ Alok também estiveram em Brasília para se encontrar com os manifestantes e declarar apoio às causas defendidas.
Fonte: G1 | G1 | Correio Braziliense | G1
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