A noite de quinta-feira é abafada, nem o ventilador ligado faz efeito. Estou passando mal, pois nada ajuda a amenizar esse clima que se aproxima ao calor do submundo. A minha casa está lotada, mas não está acontecendo nenhuma festa. Vejo casais, no sofá e no chão. O momento não é romântico, pois enquanto dois mexem no celular, os outros dois deitam no chão tentando se refrescar enquanto brincam de lutinha.
Neste contexto, a única coisa que consigo sentir é fome. Ela está me enchendo por completo, mas as minhas habilidades na cozinha são mínimas. Sendo assim, sigo com fome, a espera da minha salvação chamada “mãe que faz janta”. E, enquanto ela não aparece, pois está sumida no mundo Monte Mor, continuo observando o meu entorno. Agora, o que aparece na minha visão é o animal de estimação da casa, Moose. Estamos chamando a atenção dele, para não ficar sobre o sofá, mas ele ignora a bronca enquanto se espreguiça.
No meio tempo, passa um filme de comédia policial na Universal Channel, onde uma criança briga com um projeto de policial. O clima continua abafado e eu sinto o meu cabelo molhado nas costas, acabei de sair do banho. Ao fundo, escuto a conversa da minha irmã com o namorado. Ele pergunta a ela o que comprou de presente de aniversário e ela diz, “algo que você irá usar sempre”. Que resposta mais ampla. No outro canto, o casal de namorados mais novos brinca com o gato de estimação da casa. A fome ainda continua, mas olho na tela do celular e alguém manda mensagem, é a amiga apaixonada. Ainda iremos resolver essa paixonite, antes que o ano acabe, foi a promessa que fiz.
Enquanto isso, procuro um tema para escrever a crônica da aula de jornalismo impresso. E, mesmo que a idéia não apareça, continuo redigindo este texto, pensando em qual seria a utilidade dele, mesmo sabendo que não teria nenhuma outra função além de preencher os espaços desta folha. Sigo com fome, não mencionei antes, mas continuo mascando o mesmo chiclete desde as seis horas da tarde, já são nove e meia da noite. Outra pessoa manda mensagem, eu sorrio, é o meu mais novo amor.
(Texto: Ricaella Inocente | Imagem: Shutterstock)
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