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Foto do escritorpor Rica Inocente

DESABAFO

Atualizado: 25 de jul. de 2018


Recentemente li um texto sobre comodidade, como as pessoas estão confortáveis com as coisas ao seu redor, de como agimos com normalidade com fatos que deveriam nos incomodar. E não apenas com as coisas ao nosso redor, mas também com as nossas vidas. Nós acostumamos com pessoas inconvenientes, que tentamos ignorar, pensando que logo ela irá se tocar. Com empregos que não são feitos para você, pensando “pelo menos pago as minhas contas”. Amores falidos, por medo de conhecer novas pessoas. Dias não vividos.


Possuímos medo de aventuras, de coisas estranhas, temos medos de descobrir, de sair da zona de conforto. E eu percebi que só sai da minha área de conforto, no começo do ano passado, quando me dei conta que reclamava mais do que agradecia.


Por muito tempo, reclamei de como as coisas andavam difíceis, de como eu estava cansada das coisas darem erradas, de não ser mais criança, de querer colo sempre, eu queria ser aquela criança mimada que sempre fui, mas não estava adiantando, todos os meus esforços para continuar ganhando tudo o que eu queria não estava adiantando. Foi aí que eu acordei e percebi, nada será como antes.


Nos primeiros meses daquele ano, sai da minha área de comodidade, mais do que eu esperava. Não falo apenas porque foi um novo ano, porque arranjei um estágio, ou me desvinculei de um relacionamento de anos. Foi porque eu resolvi crescer, abrir a cabeça e experimentar novos pontos de vista. E por muito tempo, eu não sabia disso. Achei que minha vida estava desmoronando. Mas na verdade, só estava mudando mesmo.


A vida mudou de um dia para noite, me mostrando que nem sempre os nossos planos irão corresponder ao que pretendíamos, ou que os planos irão se concretizarem. Cada dia é um tapa diferente, um aprendizado novo. Muita coisa que eu queria, muita coisa que eu sonhava, não se realizaram e também não vão acontecer, mas porque eram coisas que faziam parte de uma Ricaella que não está mais aqui. Não iria mais se encaixar com essa “fase”.


Eu “segui o baile”, mudei, tentei evoluir, procurei novos rumos, mesmo inconscientemente. Quando achava que tudo estava se esvaindo, percebi que, na verdade, eram males que vinham para o bem. Tudo muda, de uma forma ou outra, é a lei da natureza, evolução constante, mesmo que aconteçam sem que a gente se dê conta.


(Texto: Ricaella Inocente | Imagem: Shutterstock)

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