País podia se juntar aos seus vizinhos diante de tudo que vem acontecendo nos últimos dias
Na última sexta-feira, 25 de outubro, as ruas de Santiago receberam cerca de um milhão de pessoas para protestar contra a situação do país. As imagens do protesto são lindas, milhares e mais milhares de pessoas foram às ruas em busca de melhorias para o estilo da vida da população, motivados pelos anos de descasos e da falta de bom senso do governo e diante disso, uma pergunta nos surge, por que o Brasil não está nas ruas?
O país está um caos desde o começo do ano, e muitas situações agregaram para o descontentamento de alguns. A Amazônia em chamas e o petróleo no mar do Nordeste são só o que chama atenção do público lá fora, mas a população aqui dentro ainda tem que arcar com muito mais. Além dos impactos ambientais, que também vão prejudicar a todos, tanto agora como a longo prazo, ainda teremos que lidar com a continuação da mamata, a postergação das previdências e a falta de bom senso nas declarações do atual governante.
O caso mais atual, é uma suposta atuação do presidente Bolsonaro no caso da vereadora carioca assassinada no ano passado, junto com o seu motorista, Marielle Franco.
Vocês precisam ler: A desigualdade mobiliza latinos a voltarem às ruas para protestar – El País
Petróleo no Nordeste
A cerca de dois meses os moradores dos estados do nordeste começaram a se deparar com manchas de óleo em diversas praias dos estados. De origem desconhecida, o petróleo já atingiu 268 locais, afetou 14 unidades de conservação ao longo de 2.500km da costa brasileira e vem prejudicando a vida econômica dos moradores daquela região.
Estados que retiram boa parte das suas rendas do turismo e da pesca, os nordestinos estão sofrendo com os impactos do petróleo a curto prazo e, em pouco tempo vão começar a sentir os impactos a longo prazo. Os corais, bem famosos, que se estende por toda aquela costa, serão um dos mais prejudicados. Responsáveis pela saúde do mar e também por abrigar uma enorme variedade de peixes, o petróleo impede o desenvolvimento deste ecossistema, o matando aos poucos e acabando com a vida marinha que vive naquela região.
Sem contar que a pesca também está prejudicada, pois os comerciantes estão relatando o medo dos consumidores de comprarem alimentos que possam estar contaminados pelo óleo, o que é totalmente compreensível, mas totalmente prejudicial, já que muitos pescadores dependem totalmente desta renda.
Os responsáveis ainda não foram apontados, apesar de estudos indicarem que o petróleo vem da Venezuela, para ser mais específico, de três campos diferentes. E, diferente do que foi declarado pelo Ministro Ricardo Salles, de que o país venezuelano fosse responsável pelos despejos do material, a Marinha, que está à frente das investigações, direciona o foco para navios que tiveram ações monitoradas naquela região durante as primeiras manchas, inclusive embarcações que tentaram operar de maneira ilegal.
A mobilização para limpeza e prevenção de novos despejos, está sendo acompanhando, de acordo com o governo federal, por 3.919 servidores e mais de cinco mil militares, sem contar os navios e aviões que patrulham a costa em busca de novas manchas ou indícios da fonte do problema. Em paralelo, a Polícia Federal estabeleceu uma investigação a respeito do derramamento de óleo e os estados afetados está desenvolvendo ações para limpar as praias e proteger o ecossistema da região.
Os moradores também foram às praias, para aumentar o ritmo da limpeza e também ajudar no resgate de animais que foram afetados pelo petróleo. A alta exposição ao material causa danos à saúde, como náusea, dores de cabeça, tontura, entre outros problemas.
Previdência Privada
Na última semana também, foi aprovado em segundo turno no Senado, a proposta de reforma da previdência, que estabelece algumas regras para os contribuintes. Entre elas, o documento estabelece uma idade mínima para a aposentadoria de 62 anos para as mulheres e 65 anos para os homens. A mudança também irá afetar profissionais como servidores públicos, professores, policiais e militares. E irá modificar o funcionamento das pensões por morte, aposentadoria por invalidez e por deficiência. A proposta ainda não está valendo e só será levada a sério após a promulgação do Congresso Nacional.
A proposta é uma das maiores promessas do governo Bolsonaro, que com essa jogada, promete reconstruir a economia do país, pois, segundo seus economistas, as políticas de pensão é uma das que mais retiram fundos dos cofres públicos e não a roubalheira, os mimos e aconchegos que os políticos que ganham 20 mil reais possuem.
Em tese, as novas regras vão ajudar aos cofres públicos, uma vez que terá menos saída de caixa destinado a uma população que tecnicamente não produz para o estado. Mas, pensando por outro lado, o lado da população, os beneficiados vão sofrer em dobro pela carência dessa assistência. Além de um período mais longo de contribuição, o cidadão terá que ficar atento aos anos de contribuição para receber uma certa porcentagem do salário que recebe enquanto ativo, sem contar que outras regras cortam pela metade o auxílio e também proíbem o aposentado de continuar atuando para gerar uma renda extra (como se a aposentadoria fosse arcar com todos os gastos de um mês).
No geral, muita coisa vai mudar e para a população, muita coisa vai piorar, mas são pontos específicos que devem ser debatidos com quem tem mais entendimento da situação.
Alguns links e podcast para ajudar nesse tópico:
Uol Economia – Mudanças na Aposentadoria
Folha Vitória – Saiba quem não entra nas novas regras
Café da Manhã – Que reforma da Previdência o Congresso aprovou?
Governo Bolsonaro
Uma nota para lembrar que a mamata ainda não acabou: outra das grandes promessas do governo Bolsonaro era acabar com a mamata, que segundo ele e seus fieis seguidores, foi o que permitiu que o país chegasse na atual situação que se encontra. Com o seu discurso curto e grosso, com palavras de ordem e desconexas, Jair levou a população brasileira as urnas por acreditarem que sob a sua administração, o país não sofreria mais com as corrupções governamentais. Pobres coitados!
Entre as distribuições de benefícios, uma reportagem da Isto É revela que os cofres públicos já arcaram com a lua de mel do Eduardo Bolsonaro nas Ilhas Maldivas, que o próprio presidente está por trás de um esquema para tomar o controle do próprio partido político, registro de compra de cargos, grupos de disseminação de fake News sobre outros políticos adversos ao presidente, entre outras pérolas, que você pode conferir aqui.
E como se não bastasse a situação que está aqui no país, o queridíssimo presidente Bolsonaro, que está em uma viagem pela Ásia e Oriente Médio, declarou ao chegar na China, país declarado comunista, o seguinte: “Estou num país capitalista”, afirmou em entrevista a jornalistas que o aguardando na porta de hotel que ficou hospedado em Pequim.
A resposta veio após os repórteres questionarem sobre alguns comentários do eleitorado e de alguns opositores, que mencionaram a visita do presidente a m país liderado por um partido comunista. Apesar da declaração e do histórico dele em relação ao país, Bolsonaro está atrás de estreitar os laços com os chineses, em busca de mais investimentos para o país, sem conta que ele foi lá entregar o país, como fez aos americanos, permitindo que a população chinesa entre no Brasil sem pagar o visto. Taxa cobrada de visitantes estrangeiros que costuma gerar lucro para os cofres públicos. A China não compartilho da mesma liberdade.
Após sua visita à Ásia, esta semana o digníssimo se encontra na Arábia Saudita, também em busca de novas parcerias para o governo. Nesta manhã, o presidente divulgou em seu Twitter um vídeo, no qual ele insinua que instituições rivais, como partidos políticos, o Supremo Tribunal Federal (STF), a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, a Ordem de Advogados do Brasil (OAB) e alguns veículos da imprensa estão atacando o seu governo. Apesar do pedido de desculpas e da explicação catastrófica, a publicação que foi apagada da conta de Jair, gerou repercussão dentro do STF, levando o ministro Celso de Mello a repudiar a atitude do governante, que segundo ele (e todos de bom senso), “parece não encontrar limites na compostura que um chefe de Estado deve demonstrar no exercício das suas altas funções”, declarou em nota assinada.
Logo em seguida, deu um show de misoginia ao fazer o seguinte comentário a jornalistas na saída do hotel onde está hospedado, “Todo mundo gostaria de passar a tarde com um príncipe. Principalmente vocês, mulheres, né? ”. A resposta foi dada a uma repórter que o questionou sobre quais assuntos seriam discutidos entre eles, Bolsonaro e Mohammed bin Salma, nas reuniões que estariam por acontecer.
Conhecido como MBS, o príncipe, herdeiro e ministro, ganhou destaque na impresna tradicional devido a seus projetos para modificar a imagem do reino saudita diante do mundo. Além disso, ele também foi acusado pela CIA (agência de inteligência dos Estados Unidos) de orquestrar o assassinato de um jornalista saudita, conhecido por ser um crítico da política do país. Jamal Khashoggi, o jornalista, foi morta no consulado da Arábia Saudita na Turquia.
E, para lembrar que a semana ainda não acabou, uma reportagem do Jornal Nacional, transmitida nessa terça-feira, 29 de outubro, apresentou novas provas da investigação do caso da vereadora Marielle Franco, que foi assassinada em março do ano passado. Na matéria (aqui), em depoimento, o porteiro do condomínio do Rio de Janeiro, onde Bolsonaro possui duas casas, disse que horas antes do crime, uma dos suspeitos pediu para ir ao casa do agora presidente e, segundo a testemunha, o próprio "Sr. Jair", autorizou a entrada de um dos suspeitos, Élcio de Queiroz. Mas, o Ministério Público entrou na jogada e apurou que o porteiro se enganou no seu testemunho e de acordo com as gravações da portaria daquele dia, que foram repassadas pela perícia, quem autorizou a entrada de Queiroz no condomínio foi outro suspeito do crime, Ronnie Lessa, que mora no mesmo residencial.
Apesar disso, antes das novas provas surgirem, o digníssimo realizou uma live em seu Facebook na madrugada do dia 30 de outubro, afirmando que as acusações eram falsas e xingando o posicionamento da Globo diante dos fatos. A emissora também se manifestou a respeito das ameaças do presidente.
Declaração do presidente: "Isso é uma patifaria, TV Globo! TV Globo, isso é uma patifaria!"
Fontes: Uol | Folha Vitória | Aos Fatos | El País | Isto É | G1 | BBC Brasil | BBC Brasil | Exame
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