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Foto do escritorpor Rica Inocente

Por que queremos ir a Marte?

Nos últimos meses temos acompanhado as grandes movimentações espaciais em direção ao planeta vermelho, mas o que esperam de lá?

(Foto: Unsplash)
(Foto: Unsplash)

O lançamento do foguete SpaceX Falcon 9, com a Nave Crew Dragon, em maio, reacendeu a curiosidade de muitas pessoas a respeito das viagens espaciais. Pode parece enredo de filme de ficção científica, mas o anseio por chegar aos planetas vizinhos reativou o interesse nas corridas espaciais.


A missão, que tinha como objetivo levar dois astronautas da NASA a Estação Espacial Internacional (ISS, sigla em inglês) e trazê-los de volta em segurança - a expedição obteve sucesso e eles retornaram a Terra no dia 02 de agosto -, marca uma nova era de voos espaciais.


A empresa responsável pela Crew Dragon, SpaceX, do bilionário excêntrico Elon Musk, tem a meta de chegar a Marte até 2024 e a missão bem-sucedida realizada na ISS mostra que a companhia está no caminho certo para atingir seus objetivos e começar a levar “turistas” para passear na galáxia.


Mas os interesses comerciais não são os únicos objetivos que levam as agências espaciais e empresas privados a apostarem alto nessa empreitada futurística. O ser humano, desde que chegou a lua, tenta avançar mais e mais nas suas conquistas territoriais e o espaço não está fora do seu domínio.


O que resta entender é o porquê de sermos tão obcecados por Marte e o que levou o despertar das novas corridas espaciais. Pensando nisso, o por Rica Inocente de hoje vai falar um pouco sobre nosso vizinho extraterrestre e as missões enviadas ao planeta!


O que tem lá em Marte?

O sonho de chegar ao planeta vermelho é algo que pode ser alcançado nas próximas décadas, mas antes de ir até lá, é preciso analisar alguns prós e contras de Marte e a partir deles tentar entender porque queremos colonizar nosso companheiro de galáxia.


Prós


A proximidade com a Terra levam muitos a pensar que Marte oferece uma atmosfera propícia para a sobrevivência humana, mas apesar de não ser bem assim, ele apresenta alguns benefícios que otimizam a adaptação humana a um terreno hostil. Confira:



  • outro ponto é que Marte possui uma superfície rochosa, como a Terra, o que facilitaria a colonização. Sem contar que é o planeta que está mais “próximo” da Terra. Em condições ideais, a viagem até lá levaria de sete a oito meses;


  • ainda que a temperatura seja muito baixa, como dito no primeiro tópico, no verão marciano o clima pode atingir 20º C por algumas horas, se o corpo estiver na região do Equador, com os pés no chão. A temperatura se compara a alguns lugares da Terra, como o deserto de Atacama ou até mesmo a Antártica;


  • a comparação entre os territórios do último tópico também levam os cientistas a acreditarem que organismos extremófilos - que vivem em condições extremas aqui na Terra - possam sobrevivem no planeta vermelho;


  • a outra vantagem é que Marte tem ⅓ da gravidade do nosso planeta, o que tornaria a adaptação humana fácil, uma vez que os órgãos, ossos e músculos não sofreriam com mudanças abruptas de ambiente;



Contras


Contudo, se os prós já não são animadores, imagina os contras sobre o planeta. As vantagens já dificultam a sobrevivência humana como conhecemos na Terra, imagina as desvantagens. Vamos ver:


  • o vizinho vermelho não possui camada de ozônio, como o nosso planeta. A camada de proteção é bem rarefeita e o território recebe iluminação direta do sol, com toda a sua intensidade;



  • a pressão atmosférica do planeta é 1000 vezes menor que a encontrada no nível do mar. Essa condição impossibilita a respiração humana sem uso de aparelhos e não permite que a água permaneça em estado líquido na atmosfera. A combinação dessas ocorrências interfere no metabolismo básico de diferentes tipos de organismos vivos;


  • por último, outra desvantagem que merece ser citada é que a superfície do planeta tem alta concentração de ferro, o que o torna vermelho e indicam altos índices de toxidade;


Missão Marte: expedição e futuras colônias

Ainda assim, com os prós e contras, o ano de 2020 foi marcado por uma nova corrida espacial em busca de estudar e chegar a Marte. A pandemia não desmotivou empresas privadas e agências espaciais, que lançaram suas naves a procura de respostas que nós fazemos a anos.


O que motivou as missões?

A dois anos, em 2018, um grupo de cientistas europeus detectaram um grande lago de água líquida sob as calotas de gelo polar de Marte. Seis anos antes, em 2012, o robô Curiosity, da NASA, encontrou um lago, material orgânico e fontes de energia química nas rochas, elementos que sugerem a existência de condições mínimas para a vida.


O robozinho também mostrou que o solo do planeta é igual a alguns pontos do território do Havaí. As descobertas animaram os cientistas, que acreditam que o planeta consegue oferecer vida sustentável, como na Terra, e que futuramente poderá abrigar seres vivos.


Além das descobertas, o alinhamento de Marte com a Terra também motivou as agências espaciais a investirem na ida ao planeta, de uma forma ou outra. A proximidade acontece a cada 2 anos e 2 meses e diminuem o tempo da viagem pela metade, levando apenas sete meses para naves não tripuladas chegarem ao destino.


Esse alinhamento chegou ao fim em agosto e agora é o momento das agências acompanharem o desempenho das naves, que devem desembarcar em Marte em fevereiro ou março de 2021.


Quais os planos da humanidade para Marte?

O grande foco das missões lançadas ao espaço são fazer pesquisas sobre as condições climáticas e a análise da possibilidade de humanos viverem em Marte. Isso porque empresas privadas, como a SpaceX, e as agências espaciais internacionais, querem estabelecer bases no planeta a fim de criar uma nova colônia para estudos e, futuramente, para moradia.


O plano mais excêntrico é o da empresa do bilionário Elon Musk, que pretende chegar a Marte em 2024, usando naves como a Starships, levando turistas para conhecer a galáxia. Enquanto isso, as agências espaciais são mais pé no chão e estabelecem metas mais simbólicas.


A NASA pretende desembarcar por lá na próxima década, em 2034, e a agência dos Emirados Árabes pretendem estabelecer uma colônia no planeta até 2117. Mas, enquanto não chegam lá, eles monitoram suas missões enviadas em julho.


  • 20/07 - os Emirados Árabes enviaram ao espaço a sonda Al-Amal. O orbitador vai estudar os ciclos climáticas de Marte em diferentes regiões do globo durante dois anos;


  • 23/07 - a China também entrou no jogo e em julho enviou a Tiawen-1 ao planeta vizinho. A missão está levando um rover e um lander para compreender o ambiente marciano, buscando por sinais de vida e organismos que existem, ou existiram, no planeta. Eles procuram por microorganismos e microfósseis;


  • 30/07 - quanto a NASA, eles não ficaram de fora das ondas de lançamento, e no final de julho colocaram em prática a missão Mars 2020, que consiste em levar ao planeta vermelho o robô Perseverance e o helicóptero Ingenuity. O equipamento vai ficar em solo e procurar por sinais de vida ancestrais em Marte. O rover vai colher amostras que vão ser trazidas de volta à Terra para estudos. Quanto ao helicóptero, ele vai sobrevoar os céus do planeta, enfrentando as condições adversas oferecidas pelo ambiente, como a atmosfera rarefeita;


  • S/D - uma quarta missão foi adiada devido a pandemia, que era a Exomars, da União Europeia com a Rússia. As agências terão que aguardar o próximo alinhamento, que acontece em 2022, para colocar a missão em prática;


O que falta para irmos a Marte?

Com as missões em prática e a grande expectativa por respostas positivas, falta saber porque ainda não tocamos o solo de Marte. A chegada à lua foi a grande conquista da humanidade, e se chegamos até lá, por que não podemos repetir a dose com o nosso vizinho?


As diversas pesquisas no campo espacial enviadas este ano ao planeta vão ajudar os cientistas a ter embasamento de como construir casas, plantar alimentos, usar a água do subsolo e sobreviver às condições adversas. Porém, independente dos dados colhidos, o homem ainda possui diversas barreiras com a viagem espacial que ainda não conseguiram driblar.


Investimento


O primeiro obstáculo são os investimentos no setor. Durante a corrida espacial entre os EUA e a União Soviética, nas décadas de 60 e 70, a NASA tinha acesso a 4,4% do orçamento do país. Atualmente, a agência conta com menos de 1% de contribuição federal, recebendo cerca de R$ 20 bilhões.


As estimativas de custos de uma viagem tripulada até Marte gira em torno de US$ 100 a US$ 500 bilhões. Sendo assim, o orçamento da NASA não corresponde aos gastos propostos. Isso abre uma vantagem em relação às empresas privadas.


Organizações como a SpaceX se destacariam na nova corrida por não contar com investimento público, “conquistando” Marte muito antes que os governos.


Combustível


Outro problema são as fontes de energia necessárias para abastecer a nave na volta à Terra. Essa é uma estratégia que ainda não tem uma solução definida pelos cientistas. Os veículos que saem da Terra em direção a Marte não podem levar um compartimento a mais de combustível devido ao peso.


As ideias iniciais são enviar uma cápsula antes da nave com o combustível para o retorno ou produzir a substância em território marciano. A NASA possui um estudo chamado In Situ Resource Utilisation, o projeto é destinado a descobrir formas de produzir combustível em solo extraterrestre.


Fonte de energia


A energia é outra barreira enfrentada pelas agências que desejam chegar a Marte. Com a intenção de estabelecer bases no planeta, seriam necessárias fontes de energia que mantivessem os laboratórios de pesquisas e as colônias em pleno funcionamento.


Atualmente, as sondas enviadas para lá utilizam a energia solar para se recarregarem, porém essa solução não é viável para um projeto de larga escala como a colonização. As constantes tempestades de poeira inviabilizariam o fornecimento frequente de luz, impossibilitando todas as atividades na base.


Uma resposta que está sendo foco dos estudos é a utilização de energia nuclear, através de mini reatores, que poderiam sustentar as atividades nas colônias por semanas, e até mesmo por anos.


A maior vantagem dessa solução seria que, em caso de falhas, os reatores poderiam aquecer as instalações, já que Marte pode atingir facilmente a temperatura de - 98º C.


Tempo e distância


A viagem a Marte não será como uma ida a Guarujá. O trajeto de ida e volta leva quase mil dias, sem contar o tempo que a equipe ficaria no planeta. O tempo máximo que um ser humano ficou fora da Terra foi de 748 dias. O experimento foi realizado por Sergei Krikalev, cosmonauta russo.


A tempo em território hostil pode acarretar diversos problemas, tanto físicos como mentais. Para as missões terem sucesso, os astronautas teriam que treinar por anos para reduzir os efeitos adversos e conseguirem sobreviver em um espaço diferente.


A NASA desenvolve um projeto, o Hawaii Space Exploration Analog and Simulation (HI-SEAS), onde a agência estuda as experiências que as pessoas teriam durante oito meses isolados na base do vulcão no Havaí, com condições semelhantes a de Marte.


A base pode colaborar com os cientistas para desenvolverem estratégias que evitem danos físicos e mentais aos astronautas a longo prazo.


Radiação


Uma das grandes dificuldades enfrentadas pelos cientista é saber como diminuir a radiação que as tripulações devem receber do sol.


A viagem só de ida a Marte expõe uma pessoa a 15 vezes mais radiação do que é permitido a um trabalhador de usina nuclear. Os pesquisadores ainda não sabem como reverter essa barreira e estudam soluções que possam proteger os viajantes espaciais da radiação solar.


A Estação Espacial Internacional (ISS, sigla em inglês) tem ajudado os cientistas a entenderem como funciona o clima espacial. As informações devem contribuir para que o obstáculo seja contornado.


Retorno seguro


Por fim, dois dos principais transtornos que os cientistas enfrentam está em trazer de volta as pessoas do planeta vermelho.


Num primeiro momento seria a partida de Marte, que, por um lado seria auxiliado pela baixa gravidade do planeta que facilitaria a propulsão da nave. Entretanto, para a viagem seria necessário 33 toneladas de combustível, o que ainda não foi solucionado, pois não sabem como levar a substância e nem como produzi-la fora da Terra.


O outro problema seria a reentrada na atmosfera do nosso planeta. A nave voltaria a 43 mil km/h o que faria a aeronave pegar fogo. Os pesquisadores ainda não tem uma solução para evitar esse atrito e nenhum material utilizado atualmente suportaria o calor da reentrada na Terra.



Tendo em vista esses obstáculos, fica fácil entender como ainda não chegamos lá. Entretanto, apesar das dificuldades, a humanidade não desiste das suas metas de chegar ao planeta vizinho e isso é um incentivo para os avanços tecnológicos.


As novas descobertas podem não apenas impulsionar as viagens extraterrestres como também melhorar a tecnologia da Terra, aprimorando a vida do ser humano.


E você, o que acha de morar em Marte?



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