top of page
Foto do escritorpor Rica Inocente

Tiroteios: o trauma de toda uma geração

Cada notícia sobre as operações revela que os alvos não são traficantes, mas sim a população em geral


Um dos desenhos enviados a Justiça do Rio juntamente com uma petição para pedira a regulamentação das operações policiais em comunidades do estado (Créditos: Divulgação)

Independente da sua idade, a música dos 5 patinhos que foram passear além das montanhas e sumiram, deixando a mãe pata preocupada, deve ser um som familiar da sua infância. E uma coisa é muito verdade, toda vez que os “patinhos” saem de casa, as mães ficam preocupadas, ainda mais se é da região pobre do Rio de Janeiro. Elas se preocupam com razão.


Na semana passada seis jovens foram assassinadas nas comunidades do Rio de Janeiro em menos de 5 dias, devido a operações policiais que estavam em busca de traficantes. Naquela mesma semana, na segunda-feira, 12 de agosto, crianças da comunidade da Maré enviaram cartas a Justiça do Rio, desenhando o motivo pelo qual queriam o fim das operações militares dentro do complexo, descrevendo como as operações são realizadas e afirmando que “isso é errado”.


Além dos desenhos, as cartas tinham depoimentos que contavam, do ponto de vista da criança, a violência policial dentro das favelas e agressões não justificadas contra entes próximos. Em alguns testemunhos, os pequenos chegam a contar que irmãos foram mortos devido agressões, sem motivo. As cartas foram reunidas pela ONG Redes da Maré e entregues junto com uma petição para que fosse restabelecida uma ação civil público, pedindo a regulamentação e restrição das operações policias no bairro.


O interessante é que a ação foi aceita pela justiça do estado em 2017 e isso ajudou na diminuição do índice de violência na comunidade ao longo do ano, entretanto ela foi suspensa em junho de 2019. Só no primeiro semestre deste ano, um boletim publicado pela Redes da Maré na semana passada, mostra que 27 pessoas morreram só nos primeiros 6 meses do ano, 10% a mais que ao longo de 2018, quando foram registradas 24 pessoas mortas. Sem contar os mortos durante as operações policiais e entre os confrontos de facções.


Entre os depoimentos, os moradoras descrevem situações de pânico, que aumentam durante as operações que utilizam helicópteros, conhecido como “caveirão voador”, que usam o veículo como stand de tiro durante as ações dentro das comunidades, segundo os relatos, os policiais dão tiro de cima para baixo, sem distinguir criminosos de civis comuns, “também pensam que nós somos bandidos”, relata uma das cartas.


Wilson Witzel


Em grande parte, o aumento da violência policial dentro das comunidades se dá graças à atuação do atual governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, que venceu as eleições prometendo abater criminosos armados. ABATER. Desde que chegou ao posto, ele vem colocando em práticas políticas públicas que estimulam a violência policial, isso mesmo, ESTIMULAM A VIOLÊNCIA POLICIAL, como se ela não fosse usada normalmente, que atinge em sua maioria moradores de bairros pobres e jovens negros.


Segurança Pública


Os dados do instituto deste ano revelam que foram registradas 3.048 letalidades violentas em todo o estado do Rio de Janeiro de janeiro a julho, deste número, 881 são mortes cometidas por agentes do estado. A polícia vem batendo recordes de assassinatos de mês a mês, sem contar as mortes causadas por milicianos, que não são contabilizadas e também as que não são registradas no boletim do agente. Agora uma pergunta, o que leva eles a matarem tanto?


Não vão voltar


A música Canção Infantil, da Pineapple StormTV, com César MC descreve uma realidade vivida por muitas famílias ao contar que 5 crianças saíram, sem flagrante e sem b.o. e não voltaram vivas e isso é muito real, quando vemos o noticiário da semana passada. Em menos de 4 dias, 5 jovens foram baleados sem causa provável, sem explicação, durante operações policias. Vidas e sonhos interrompidos, mas eu vos pergunto, por quê? Para melhorar a situação, um dos jovens mortos, que estava a caminho do treino de futebol, foi acusado de ser traficando e carregar drogas em sua mochila, quando na verdade ele tinha um par de chuteiras e outro de sandálias dentro da bolsa. O avô do jovem tentou socorre-lo, mas já era tarde demais.



Um vídeo bônus para vocês entenderem o que acontecem dentro das favelas:




Fonte: El País | G1

21 visualizações0 comentário

Comments

Couldn’t Load Comments
It looks like there was a technical problem. Try reconnecting or refreshing the page.
bottom of page