Termo pode soar agressivo, mas este é o momento de discutir um dos males que mais afeta a sociedade
Você sabia que, por ano, mais de 800 mil pessoas tiram suas próprias vidas? De acordo com os dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), divulgados em setembro de 2019, isso é uma média de uma morte a cada 40 segundos.
Com isso fica fácil entender porque é tão importante falar sobre isso. O Setembro Amarelo representa a luta pela prevenção e redução de suicídio, mas apesar do alto número de incidentes, ainda é uma pauta muito marginalizada.
Um dos motivos que levam às vias de fato é o preconceito, a falta de empatia pelo próximo. Quem pensa em suicídio já buscou ajuda uma vez ou outra, mas o estereótipo de “quer chamar atenção” ou “é só graça”, fala mais alto nas pessoas do que o senso se colocar no lugar do outro.
Mas antes de discutir o suicídio em si e o Setembro Amarelo, é importante entender o que pode causar o episódio.
Suicídio está ligado a problemas de saúde mental
Segundos os dados da Associação Brasileira de Psiquiatria, estima-se que 96,8% dos casos de suicídio estão ligados a problemas de saúde mental. As maiores recorrências são entre pacientes atestados com depressão e usuários de drogas.
Apesar dos distúrbios serem alguns dos maiores fatores que levam a este fim, existem diversos tipos de transtornos mentais que levam ao incidente. Entre os problemas que podem acarretar ao suicídio está a bipolaridade, a ansiedade, entre outros.
A Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) tem uma lista dos transtornos mentais e suas descrições. Para conhecer as disfunções, clique aqui.
Grupo de risco
Embora o suicídio possa afetar a qualquer um, existem alguns “grupos de risco” que estão mais propensos a tirarem a própria vida.
O incidente é bem comum entre os jovens, devido às mudanças hormonais e as alterações do cérebro. Isso leva a uma falta de controle dos impulsos e dificuldade em lidar com as emoções. Nessa fase diversos fatores podem desencadear um sentimento suicida, como conflitos com familiares, relações sociais e vivência de abusos, entre outras situações que geram emoções extremas.
O portal de campanha do Setembro Amarelo também aponta dois grupos que estão inclinados a cometerem suicídio: os de fatores não modificáveis e os modificáveis:
os não modificáveis possuem características fortes de suicídio e presença de transtornos psiquiátricos. Neste grupo as taxas de tentativas de morte são maiores que em outros;
o modificáveis são pessoas com características suicidas que podem ser mudadas. Neste conjunto é mais fácil para amigos, familiares e profissionais prevenirem a tentativa de morte.
Na publicação da página é possível verificar quais são os aspectos das pessoas de cada grupo. Acesse o site.
Impacto da pandemia na saúde mental da sociedade
Infelizmente não podemos falar de distúrbios psicológicos sem deixar de lado o impacto que o novo coronavírus causou na população. A chegada da pandemia trouxe medos, incertezas e mudanças no convívio social, aumentando os casos de problemas mentais.
O podcast Detetives da Saúde, da Veja Saúde, discutiu o tema com uma especialista. O programa abordou a saúde mental da sociedade durante e após a pandemia. Ouça o debate:
Além disso, a Organização das Nações Unidas (ONU), pensando no aumento dos casos de problemas relacionados a saúde mental, divulgou um relatório em maio que chamava a atenção dos países para trabalharem soluções a fim de lidar com um possível aumento de problemas psiquiátricos causados pela pandemia.
Ainda que seja um tema delicado, a OMS acredita que a saúde mental é um setor esquecido pela sociedade. Especialistas acreditam que uma nova pandemia possa surgir, desencadeado pelo aumento de problemas psicológicos, um dos maiores motivos que levam ao suicídio.
Para monitorar os casos, pesquisadores do mundo inteiro estão investindo em pesquisas para entender qual o impacto da pandemia na saúde mental. A coleta de dados é feita através de questionários online ou aplicativos de mensagens.
Entre as informações reunidas, os profissionais conseguem identificar sinais de depressão, ansiedade, consumo excessivo de álcool e outros problemas. A partir dos relatórios será possível analisar a verdadeira consequência e trabalhar na prevenção de possíveis casos de suicídio.
O que é o Setembro Amarelo?
Agora que falamos sobre os possíveis motivos que levam ao suicídio e algumas peculiaridades que levam ao aumento dos casos, vamos discutir sobre a campanhas que ganhou notoriedade no combate a autodestruição.
O movimento Setembro Amarelo obteve espaço na mídia e nas redes sociais a alguns anos, aumentando o alcance da conscientização sobre os casos. A ação é organizada desde 2014 pela Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) e pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) e tem como objetivo prevenir e reduzir os casos de suicídio. De acordo com o portal Setembro Amarelo, o Brasil registra em média 12 mil casos todos os anos.
A ação acontece em setembro devido ao Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio, no dia 10 de setembro. A campanha realiza diversas atividades com o intuito de aumentar a discussão sobre o assunto e trazer mais consciência sobre os incidentes.
Quais os sinais que os suicidas dão?
Para ajudar quem está passando por um momento difícil, é preciso compreender alguns detalhes. Uma das principais características de quem pensa em tirar a própria vida é pensar que não pertence a nenhum lugar, ser um fardo para os outros e um peso para quem se relaciona.
Muitos suicidas expressam alguns sentimentos antes de cometer o ato, mas em alguns casos não são levados a sério, o que aumenta a sensação de culpa. Uma observação: nunca despreze alguém que demonstre intenção de se matar, isso pode aumentar as chances dela cometer o ato.
Entre os sinais que elas expressam estão:
falar muito sobre a morte;
falta de esperança em relação ao futuro;
comportamentos autodestrutivos;
isolamento social;
humor deprimido;
sentimento de culpa ou fracasso
desespero, inquietação, insônia, perda de peso;
discurso pobre e cansaço;
Pessoas com inclinação a tirar a própria vida tendem a planejar o episódio e ⅔ deles expressam alguns dos sinais antes de tentarem o suicídio.
Como ajudar as vítimas
Caso algum dos sintomas citados acima se manifeste em algum conhecido é importante saber que você pode ajudar a pessoa a enfrentar essa vontade.
A conversa pode parecer uma solução banal, mas se mostrar preocupado com o que está acontecendo e disponível para ajudar aquela pessoa pode motivá-la a desistir do suicídio. O incentivo para buscar ajuda profissional ou tratamento é outra modo de reverter a situação.
Lembrando que apesar da pauta ser delicada, ela nunca pode ser negligenciada, por isso dê a atenção necessária para aquela pessoa que mencione algum sentimento suicida. Sua preocupação pode salvar uma vida!
Onde procurar ajuda?
Por sorte existem diversos recursos que possibilitam as vítimas e outras pessoas a buscarem ajuda em momento delicados como esse.
Caso se depare com essa situação ou precise de ajuda, entre em contato com:
Centro de Valorização da Vida (CVV): o número de apoio é o 188, ele está disponível 24h. É possível ser aconselhado através do e-mail, chat e pessoalmente;
Central de Atenção Psicossocial (CAPS): as unidades oferecem serviços de saúde comunitário para quem sofre com algum transtorno mental ou problemas emocionais que levem a “depressão”. Para conhecer, clique aqui;
Instituto de Psicologia e Controle do Stress (IPCS): o centro oferece atendimento emergencial gratuito para quem se sentir angustiado, principalmente durante a pandemia do novo coronavírus. O atendimento é feito através do número (19) 9 99689325;
SAMU: o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência deve ser acionado em último caso. O número de emergência é o 192;
O Conselho Federal de Medicina (CFM) também disponibiliza no site do Setembro Amarelo uma cartilha que pode ajudar as pessoas a entenderem melhor o suicídio e saber o que fazer. O material chama-se Suicídio: informando para prevenir e pode ser consultado neste link.
Por fim, o por Rica Inocente quer enfatizar a importância de quebrar o tabu em cima desse assunto. Pergunte como as pessoas estão, se importe, se coloque à disposição de amigos e familiares. Não tenha medo de se deparar com esse assunto, sua iniciativa pode mudar a vida de uma pessoa!
A autora do blog se disponibiliza para conversar com aqueles que gostariam de falar sobre esse assunto. Caso precise de um ombro amigo, entre em contato através das redes sociais: @porricainocente.
Comments