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Foto do escritorpor Rica Inocente

Expansão do coronavírus e reabertura do comércio: o paradoxo do Brasil

Atualizado: 15 de jun. de 2020

País continua registrando altos índices de pacientes e óbitos, mesmo assim governantes optaram por reabrir o comércio; esses e outros acontecimentos da última semana

(Foto: Unsplash)
(Foto: Unsplash)

A ânsia para voltar a rotina está fazendo com que os brasileiros entrem em um surto coletivos, obrigando-os a saírem às compras enquanto os números de mortos pelo Covid-19 continuam em ascendente escalada.


Na última semana, diversas cidades autorizaram a retomada do comércio diante de diversas medidas, que visam “diminuir” a aglomeração e “respeitar” o distanciamento social, enquanto as pessoas se amontoam em filas enquanto aguardam para entrar numa loja de roupas.


Mas, apesar da cena caótica, isso não foi o pior da última semana, na qual o Ministério da Saúde ESCONDEU os dados referentes aos casos de coronavírus no país. A birra começou um pouco antes, na sexta-feira, 05 de junho, quando Bolsonaro afirmou que o Jornal Nacional não teria mais notícias, ao mudar a notificação dos casos da 17h para às 22h.


Entre essas e as outras zorras que acontecem por aqui, confira abaixo o resumo da semana!


Sumiço dos dados do Ministério da Saúde

Em uma bela sexta-feira, 05 de junho, o portal do Ministério da Saúde que apresenta os dados sobre o avanço da pandemia do novo coronavírus no Brasil desapareceu. No dia seguinte, quando o site voltou ao ar, os visitantes perceberam que os dados estavam “ralos”, informando apenas os casos notificados nas últimas 24h.


Antes, com planilhas e quadros apresentando a situação geral, com o número, acumulado de pessoas infectadas, pacientes que vieram a óbito e recuperados, o portal se reduziu a uma mera faixa com dados das últimas 24h. O presidente Jair Bolsonaro afirmou, no sábado, 06 de junho, que a mudança foi estipulada para “evitar subnotificações e inconsistências”.


Outra mudança foi o horário da divulgação, que normalmente aconteciam entre às 17h e às 19h. O novo horário determinado pelo ministério foi às 22h. Em uma fala infeliz, Bolsonaro afirmou que dali em diante o Jornal Nacional não teria mais o que noticiar.


Nem um pouco intimidade com a troca do horário, a Globo apenas interrompeu a exibição da novela das 21h, no dia 05 de junho, para um plantão, divulgando os números do coronavírus daquele dia.

O sumiço dos números levou a uma repercussão internacional, na qual o governo do Brasil foi comparado ao governo da Venezuela e da Coreia do Norte, que escondem os dados sobre o avanço do Covid-19 no país. Os casos brasileiros também saíram do monitoramento da Universidade Johns Hopkins, que analisa, em tempo real, o avanço da pandemia no mundo.


Por sorte, a lucidez ainda ocupa alguns lugares de poder no governo e o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), ordenou a volta da divulgação dos dados completos pelo Ministério da Saúde. O site voltou ao ar na tarde da última terça-feira, 09 de junho.


Aliança dos veículos de comunicação

Os veículos de comunicação, em uma aliança nunca vista antes, se juntaram para analisar os dados das Secretarias de Saúde dos 26 estados, mais o Distrito Federal, para fornecer ao público os dados atualizados do Covid-19.

Entre os jornais que se disponibilizaram a trabalhar de maneira colaborativa estão O Estado de S. Paulo, Extra, Folha de S. Paulo, O Globo, G1 e Uol. A força tarefa iria dividir as tarefas de compartilhamento de informações obtidas em cada estado e, a partir daí, iriam disponibilizar ao público um quadro geral de como está a evolução da pandemia no país.


Uma iniciativa como nunca vista antes mostra o quanto os veículos de comunicação do país querem deixar a população a par de tudo o que está acontecendo. Diferente do governo, que luta com dentes e unhas para esconder todos os dados possíveis, para que ninguém saiba o que acontece entre quatro paredes.



Coronavírus no Brasil

Apesar do leve surto que teve essa semana, o portal do Ministério da Saúde, projetado para apresentar os dados do coronavírus, mostrou que no dia 11 de junho, até às 18h20, o país registrou 40.919 óbitos (1.239 casos novos) e confirmou 30.412 casos novos de Covid-19, totalizando 802.828 infectados.


Nesta manhã, a aliança formada entre os veículos de comunicação apontou que o Brasil atingiu 41.058 mortes por Covid-19 e 805.682 casos confirmados. A informação foi divulgada às 8h desta manhã, 12 de junho.

Essa semana foi marcada por ser uma das que mais registrou mortes pelo coronavírus. Mas, isso não amedrontou os governadores, que seguem com as regras de relaxamento social. Antes mesmo da última semana, o Brasil já estava registrando uma média de 1 morte por dia causada pela pandemia.


Além disso, a Terra Amada também superou o EUA e o Reino Unido em relação a média de morte diárias por coronavírus. Dados da penúltima semana.

E, como se não bastasse a situação, o presidente do país, Jair Bolsonaro, continua com a sua campanha de descrença na pandemia, como mostrado no link acima, agora ele hostiliza fãs e tira de contextos falas de profissionais da OMS. Veja aqui:

É claro que a Organização Mundial da Saúde teve que se posicionar mais uma vez, esclarecendo o que havia sido dito. Pacientes assintomáticos, ou seja, sem sintomas de Covid-19, podem SIM transmitir a doença.


Dória anuncia produção de vacina para o coronavírus

Mas, nem só de notícias sarcásticas se vive o ‘por Rica Inocente’. Ontem, 11 de junho, foi publicado que o Instituto Butantan será parceiro de um laboratório chinês para a produção de uma vacina para o novo coronavírus.


O anúncio foi feito na manhã da última quinta-feira, por João Dória numa coletiva de imprensa, mesma semana que iniciou-se a flexibilização da quarentena no estado de São Paulo. Segundo as informações, a empresa irá fornecer ao Instituto as doses da vacina para os testes da fase 3 em até 9 mil voluntários brasileiros.


Além disso, o governador também está negociando com a Sinovac (empresa biofarmacêutica) para garantir o fornecimento da vacina para o país. Se der certo, o produto poderá ser produzido no Brasil e disponibilizada para os pacientes.


Fonte: G1


Coronavírus no mundo

A pandemia também segue firme e forte em diversos lugares do mundo. De acordo com os dados da Universidade Johns Hopkins, verificado às 21h41 do dia 11 de junho, o mundo já somava mais de 420 mil mortes por coronavírus.


Os infectados, verificados no mesmo horário dito acima, somavam 7.482.311. Entre os países com o maior número de novos casos está os EUA, com 2.018.875, Brasil, marcando 802.828 e a Rússia, com 501.800.


Quanto às mortes, os países com os maiores índices de óbitos são os EUA (113.700), o Reino Unido (41.364) e o Brasil (40.919). Para verificar, em tempo real, o avanço da pandemia, acesse o portal da Johns Hopkins.


Mas, uma luz de esperança ainda brilha no fim do mundo. A Nova Zelândia anunciou na segunda-feira, 08 de junho, que o último paciente de coronavírus teve alta e o país não tem mais casos ativos do vírus.


Ao longo da pandemia, o país adotou um isolamento rígido durante a disseminação do Covid-19, o que resultou no registro de 1.154 casos e 22 mortes. A partir de agora, a Nova Zelândia vai suspender as medidas de contenção, mas vai seguir com as restrições de fronteiras, para evitar a entrada de novos contaminados.


O país teve um ótimo desempenho nas ações ao combate à epidemia, eles seguiram por 17 dias sem novos casos e há uma semana registrou um único paciente.



Reabertura do comércio

Número de mortos aumentando, espaços nas UTIs diminuindo, mas algumas cidades e até mesmo, estados, estão se sentindo confortáveis suficientes para retomar o movimento da economia, com aberturas “graduais” de shoppings e comércios.


O hilário é que, no meio de uma pandemia, quem iria tanto querer comprar uma blusinha?


Na última quarta-feira, 10 de junho, o governador de São Paulo, João Doria, fez uma das suas famosas coletivas para anunciar o aumento da quarentena no estado. O isolamento acontecerá do dia 15 ao dia 28 de junho na intenção de diminuir os casos de infecção.


Entretanto, o político permitiu a flexibilização de algumas regiões, que de acordo com os relatórios, apresentam um quadro “satisfatório” da disseminação e contenção da pandemia. As áreas que entraram na Fase 2 do plano de reabertura gradual são a Região Metropolitana, a Baixada Santista e o Vale do Ribeiro.


O interior não ganhou toda essa liberdade e várias cidades do estado retrocederam a Fase 1 do plano, por não conseguirem conter o avanço da contaminação e não ter condições de atender a todos os infectados, caso o comércio volte a ativa. Entre as cidades que caíram estão Presidente Prudente, Barretos e Ribeirão Preto.


As fases do plano vão de 1 a 5, começando da liberação dos serviços essenciais até a retomada total do comércio, com o controle da pandemia e a liberação de todas as atividade com protocolos.


Contudo, apesar das tentativas de retorno do comércio, para reanimar a economia do país, o quadro não vislumbra tempos de calmaria. Segundo o secretário do Tesouro Nacional, Mansueto Almeida, o Brasil terá que adotar reformas fiscais após a crise do coronavírus.


Além disso, os investimentos privados serão um ponto chave da retomada da economia. O secretário ainda afirmou que a reforma tributária ajudará o país a se tornar atrativo para os investidores internacionais mais uma vez.


Mas, se a pandemia não der um tempo, não sobrará ninguém para realizar a retomada da economia no país.


Campinas/SP


E, como a cidade de onde o blog escreve também está sofrendo com a pandemia, vamos aos últimos acontecimentos da metrópole.

Na última quarta-feira, 10 de junho, a cidade atingiu a marca de 100% de ocupação dos leitos de UTIs para coronavírus no SUS municipal. O número foi alcançado na mesma semana em que o público se sentiu à vontade o suficiente para fazer filas e aglomerações na 13 de maio.


O governo do estado de São Paulo, entretanto, garantiu que a cidade vai permanecer na fase laranja do Plano SP de flexibilização da quarentena, MAS, com um alerta para aumento de casos de morte.


Na fase laranja é permitido, com restrições, a volta de atividades imobiliárias, escritórios, concessionarias, comércio e shoppings. E esse afrouxamento fez com que milhares de pessoas fossem às ruas do centro “passearem”, nas lojas que estavam trabalhando.

Apesar de dia após dia a cidade registrar recordes de mortes, os cidadãos continuam saindo de casa para irem ao centro ou outras regiões que têm concentração de comércios abertos. Na quarta-feira, 10 de junho, após quase uma semana registrando altas de óbitos por coronavírus, o secretário de Desenvolvimento Econômico, Marco Vinholi, disse que a cidade está em alerta.


Caso a cidade não consiga controlar a disseminação e a taxa de infecção, a cidade vai retroceder nas fases e voltar ao fechamento total, sendo permitido apenas a liberação dos serviços essenciais.

Lembrando que, para diminuir a taxa de infecção, é necessário o isolamento social e o bom senso. Antes de sair de casa se pergunte: “realmente preciso sair de casa para ir me infectar na 13 de maio?”



Vida política fora do Covid-19

Ações na calada da noite e retorno de diversos ministérios ao longo da semana, em busca de agradar o “centrão”, a vida política do Brasil continua sufocada pelo governo Bolsonaro, que continua com suas falas polêmicas e, agora, também manda os próprios fãs “calarem a boca” quando questionado sobre o avanço da pandemia.


Auxílio emergencial

Vamos começar com algo que está relacionado a pandemia. Na terça-feira, o Ministro da Economia, Paulo Guedes, confirmou que o governo irá pagar mais duas parcelas do auxílio emergencial e que também lançará um projeto de renda mínima, o Renda Brasil, que irá substituir o Bolsa Família.


Quanto ao novo projeto, ele faz parte do Programa Verde Amarelo, que tem como intuito impulsionar empregos e flexibilizar contratos de trabalho, além de ser mais abrangente, incluindo trabalhadores informais identificados durante a pandemia.


Já, o auxílio emergencial, apesar de ser prolongado por mais dois meses, terá a verba cortada pela metade, sendo paga apenas duas parcelas de R$ 300. Apesar do valor inicial não ser alto, ele já vinha ajudando, e muito, quem perdeu o emprego ou as oportunidades de trabalho no começo da pandemia, mas a redução complica ainda mais a situação.


O próprio Jair se manifestou em relação a isso, dizendo que se os deputados “ fizerem (um) projeto para diminuir para a metade o salário do parlamentar, e esse dinheiro ir para pagar isso aí, tudo bem. (Ele) paga até R$1 mil”.


Alguns dias antes, 04 de junho, o próprio presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, havia defendido o prolongamento do pagamento do auxílio emergencial no valor de R$ 600. O político sugeriu rever o orçamento fiscal junto ao governo para encontrar uma solução para que possa ser pago o valor integral do benefício.


Agora, uma reflexão: quais contas você vai escolher pagar com os R$ 300 reais que o governo vai disponibilizar para a população que tem famílias inteiras para alimentar e casas para manter?



Volta dos Ministérios

Em dois dias, o excelentíssimo presidente da república brasileira reviveu dois Ministérios que havia sido “mesclados” com outros no começo do mandato de Jair. Entre os renascidos da cinza está o Ministério da Segurança Pública e o Ministério das Comunicações.


Ministério das Comunicações

Na quarta-feira, 10 de junho, sobre o pretexto que o governo precisa melhorar a comunicação, Bolsonaro afirmou que os serviços do Ministério das Comunicações voltariam, sobre supervisão do deputado federal Fábio Faria.


Segundo o presidente, a escolha do político, que não tem experiência na área de comunicação, sua relação mais próxima com o meio é seu parentesco com Sílvio Santos, é para agradar o centrão e a Rodrigo Maia.

Uma das funções do Ministério das Comunicações vai ser fazer uma ponte entre os poderes - o que não é uma atividade corriqueira da organização. Faria terá que apaziguar as relação entre os poderes, atividade que já vinha fazendo antes do anúncio. Por sua proximidade com Bolsonaro e Maia, ele andava atuando como um terapeuta de casais, aconselhando cada um a ceder um pouco os seus posicionamentos.


Mas, nem só de flores vive essa nomeação. Fábio Faria já foi citado nas delações da Odebrecht e da JBS. Ele foi acusado de receber repasses ilegais em troca de favorecimentos de empresas do Rio Grande do Norte.


O que será desse Ministério nos próximos capítulos?



Ministério da Segurança Pública


Outro que irá ressurgir das cinza a partir do segundo semestre do ano será o Ministério da Segurança Pública. A informação foi confirmada na quinta-feira, 11 de junho, por Bolsonaro a aliados.


Mas, não só irá retomar as atividades, como está sendo cotado para ser ministrado por Alexandre Ramagem, grande amigo de Jair, que seria nomeado para o comando da Polícia Federal e foi barrado pelo ministro do STF.


E o melhor, caso volte a ação, o Ministério da Segurança Pública irá se separar do Ministério da Justiça e passará a comandar a Polícia Federal. Você entende a ironia?


Como uma boa criança mimada que é, Bolsonaro vai conquistar o comando da PF de uma forma ou outra e ele encontrou uma das melhores saídas para isso. Voltar a ser como era antes e colocar um amigo no ministério.


Fonte: G1


Alteração da MP que permite a indicação de reitores das universidades federais

Na calada da noite, como sempre, Bolsonaro resolveu agir. Na manhã do dia 10 de junho as notificações dos aplicativos de notícias falavam que o querido Jair mudou a medida provisória que prevê a escolha de reitores temporários para universidades federais durante a pandemia.


A determinação, MP 979/2020, publicada no Diário Oficial da União (DOU) na quarta de manhã elimina a necessidade do processo de consulta pública ou lista tríplice para embasar a definição dos nomes. De forma mais simples, o Ministro da Educação e o próprio Presidente tem mais liberdade para colocar quem for mais conveniente no comando das universidades públicas.


Normalmente, os reitores são escolhidos com base nos ideais da comunidade, opinião dos acadêmicos e alunos das universidades ou formação de lista tríplice para a escolha. Isso tudo foi anulado e a única coisa válida agora são os ideias do ministro e do presidente.


Apesar da medida ser válida “apenas durante a quarentena”, alguns políticos do governo não concordaram com a mudança. O próprio presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, afirmou que a mudança da MP é inconstitucional.


Isso porque uma MP muito parecida foi editada a mais ou menos um ano. A MP 914, que perdeu a validade na semana passada, mudava as regras para escolher reitores das universidades federais. Segundo a Constituição brasileira, não é permitido reeditar uma MP, no prazo de um ano, caso ela perca a validade ou tenha sido rejeitada pelo Congresso Nacional.


Se você não está lembrado, Abraham Weintraub, atual ministro da educação, é cheio de ideias controversas sobre as universidades federais. Acredita que os alunos, professores e pesquisadores vinculados a essas instituições vivem em plena balbúrdia, plantando maconha e sugando das bolsas de ensinos de pesquisa.


Sem contar que o ministro é mestre em erros ortográficos nas redes sociais e está sendo investigado por racismo ao falar que a China estaria se beneficiando da pandemia do novo coronavírus.


O Bolsonaro, como já conhecemos, não sabe opinar sobre a área da educação, a área da economia, da saúde ou de qualquer outra área imprescindível para o comando de um país. No que você acha que isso vai dar?


Fontes: Terra | G1



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