País é epicentro do vírus na América do Sul e muitos apoiadores do governo afirmam que os números registrados são para alarmar a população
A política brasileira é composta por chiliques. Do “cala boca” do presidente do país ao vexame da secretaria de cultura na entrevista da CNN, parece que vivemos numa eterna 5ª série.
Mas não podemos esquecer que ainda estamos em uma pandemia. O Brasil vem batendo recordes diários de mortes, se tornando o epicentro da doença na América do Sul. Até o último domingo, 10 de maio, o país já contava com mais de 162 mil casos confirmados e 11.123 mortes registradas por coronavírus.
De acordo com os dados da semana passada, informados pela OMS, o Brasil já representava cerca de 10% das mortes causadas pelo Covid-19 no mundo. Ou seja, no dia 7 de maio foram contabilizadas, no mundo, 6,5 mil mortes em um dia, no Brasil, foram registrados 600 óbitos.
Segundo as informações disponíveis, o país estava, na semana passada, no terceiro lugar de país com mais baixas pela doença.
Quarentena
Diante do cenário atual, o governador do estado de São Paulo, João Doria, prolongou a quarentena para o dia 31 de maio e prevê restrições mais duras para a população se manter em suas casas.
Nos próximos dias a capital (SP) vai começar a implantar um sistema de rodízio, onde os carros com placas de final ímpar só circulam em dias ímpares e os veículos com números pares só saem às ruas nos dias pares.
Outros estados, como Maranhão (São Luís), Pará (Belém) e Ceará (Fortaleza), decretaram lockdown em suas capitais para diminuir os índices do vírus e amenizar a crise do sistema de saúde, que já está precário nesses estados.
De acordo com especialistas, a medida deveria ser adotada parcialmente por outros 13 estados, incluindo Rio de Janeiro e São Paulo. Para quem não é familiarizado com o termo, a ação é a última opção para as cidades que estão com altos índices de contaminação, já que se trata de uma medida restritiva mais dura e que prevê consequências para aqueles que não a respeitam.
Churrascos e Jetski
Como se a situação não fosse caótica o suficiente, Jair, presidente do país, ameaçou realizar um churrasco para amigos na Palácio da Alvorada no último sábado, 9 de maio. Ele anunciou no mesmo dia que era uma “fake news” depois da repercussão que a sua festinha teve.
O que não teve importância, já que no mesmo dia o digníssimo estava andando de Jetski no lago Paranoá, em Brasília. Nos vídeos do presidente, ele cumprimentava apoiadores e afirmava que a situação no país é uma “neurose”. Nesse mesmo dia o país ultrapassou os 10 mil mortos.
Lembrando que Bolsonaro ainda não apresentou os resultados que realizou para testar se estava contaminado ou não. Ele afirma que os resultados deram negativos e segundo ele a palavra dele “é o que vale”.
Alguns portais entraram com petições baseadas na Lei de Acesso à Informação para ter acesso aos resultados, mas eles não foram cumpridos e a Advocacia Geral da União (AGU), preserva o direito do presidente de não mostrar os resultados.
Segundo a instituição os “resultados dos exames devem preservar a esfera privada de Bolsonaro” e ainda “as informações não dizem respeito ao exercício da função”. Ainda sim, profissionais próximos a Jair continuam confirmando positivo para Covid-19, menos o lírio do campo.
Entretanto, o Tribunal Regional Federal da 3ª Região (TRF-3), juntamente com a corte, manteve a determinação, no dia 06 de maio, para que a AGU apresentasse os laudos dos exames de Bolsonaro. O desembargador que manteve a ordem disse que deverá ser entregue os exames em si e não os relatórios médicos.
Descrença
Apesar da taxa de infecção do coronavírus ser alta e sua letalidade também, políticos como Bolsonaro e até boa parte da população, continuam a desacreditar no vírus, defendendo a ideia de que os números registrados estão superestimados ou até mesmo sendo contabilizados na intenção de criar histeria na população.
A ideia é realmente um absurdo, mas vemos veículos de comunicação e iniciativas independentes correndo atrás de desmentir informações erradas ou falsas que circulam na internet.
O Brasil é o único país do mundo que vai às ruas manifestar pela volta da reabertura e que desacredita no potencial do Covid-19. As mortes estão aí, o colapso do sistema de saúde já está no nosso horizonte e se permanece nessa descrença, o país irá passar 2020 internado em caso por ignorância da população.
As recomendações ainda são para ficar em casa e evitar ir às ruas sem causa necessária. É um pedido básico e uma ação mais prática ainda. Então a pergunta: qual a dificuldade?
É fato que muitas pessoas não têm essa condição, o trabalho é do setor essencial ou até mesmo porque o patrão não os liberaram, mas quem tem a oportunidade e a possibilidade, fique em casa!
Quantas mortes vão convencer a população de que o coronavírus é real?
Comments