Nome da 4ª música da coleção Poesia Acústica nos leva a pensar, o que o público tem contra os singles?
Em maio de 2017, as pessoas seguiam a vida normalmente quando a música “Deixe-me ir”, do 1kilo, tomou conta de todas as playlist, causando amor e ódio em vários ouvintes. Isso era só o começo da dinastia da Poesia Acústica, que ganharia espaço no meio musical meses depois. Isso gerou uma movimentação nas redes sociais, dividindo o público entre os que ficaram do lado do “rap romântico” e o pessoal que zoaram a linha mais suave do estilo de música.
Mas, de onde veio a ideia?
O estilo vem para mostrar ao público um clima alternativo para apresentar poemas em ritmo de rap, só que com uma pegada mais calma e mais “romântica”. A ideia é também juntar diversos artistas do ramo do hip hop, rap, funk e, atualmente, do trap, onde cada cantor compõe a sua própria parte da música e juntam em um só trabalho, dando vida as Poesias Acústicas que conhecemos hoje.
A ideia surgiu em 2015 e foi idealizado pelo carioca Paulo Alvarez, que começou tudo com uma marca de roupas, a Pineapple, que foi a porta de entrada para o rap acústico. Paulo participava de festas para divulgar a sua marca e suas roupas e nisso conheceu vários produtores e artistas do ramo que estava crescendo no país. Sua relação com Mc’s fez com que surgissem a ideia dos vídeos e o primeiro projeto foi o Poetas no Topo, que inaugurou o canal PineappleStormTV, em parceria com o produtor musical Lucas Malak, do estúdio BrainStorm e apresentou rappers que estavam começando no mundo do rap, como BK e Djonga.
Um dos diferenciais do projeto é que eles reúnem artistas já renomados do mundo do rap e também apresentam novos artistas que tem muito potencial neste meio. Muitos desses cantores lançam diversos hits depois da sua participação do projeto, servindo como uma porta de entrada para o mundo musical. Atualmente o canal do youtube da PineappleStomTv conta com cerca de 5,63 mil escritos e o Instagram chega a 1,7 mil seguidores.
De onde vem o ódio?
Esse é a pergunta de 1 milhão de dólares. A verdade é que muitos acreditam que esse ritmo dilui a verdadeira essência do rap e seus derivados, mas o projeto dá a oportunidade aos artistas de demonstrarem todo o seu talento e com isso alçar seu próprio voo nesse ramo.
Inclusive, isso não é uma iniciativa brasileira. Em 1991, a MTV dos EUA realizava o “Unplugged” no programa “Yo! ”, que tinha a mesma base da Poesia Acústica que conhecemos hoje, mas sem a pegada de harmonização do samba, com MPB e clima de bar, que fez a versão brasileira tão popular como conhecemos hoje.
Mas, além dos elogios e amores por cada hit, muitos ainda não se convenceram do verdadeiro propósito do projeto e alguns artistas do ramo do rap também criticam, alguns por se ressentirem de não terem participado das composições. Isso vem da seleção que os idealizadores do projeto fazem ao colocar em prática uma nova Poesia Acústica.
Paulo Alvarez e Lucas Malak buscam por artistas em ascensão e também da velha guarda, de diferentes segmentos e que buscam passar uma mesma mensagem. A quantidade de músicos dentro da composição varia, por isso é comum ver uma bancada completa e músicas que duram de 8 a 12 minutos. Esse tipo de composição é conhecido como Cypher e é quando MC’s se reúnem e alternam rimas sobre uma mesma base.
A última versão da Poesia Acústica, Céu Azul (7), reuniu artistas de diferentes ramos que conversaram entre si na hora de passar a mensagem do projeto. Em uma única música pudemos ouvir Negra Li, que é um dos destaques da voz feminina dentro do rap brasileiro, os MC’s Kevin O Chris e Hariel, que estão em alta nos últimos anos, ainda mais Kevin O Chris, que teve sua participação no Lollapalooza deste ano, quando o estrangeiro Post Malone o convidou para subir ao palco e se apresentar em frente de quase 92 mil pessoas, público que esteve presente no festival naquele dia.
Além deles o rapper Ducon e DK 47, o trapper Matuê e o destaque do momento Vitão. A poesia rendeu mais de 48 milhões de visualizações e falou sobre amor, respeito as mulheres, violência policial, trajetória dentro da carreira de músico, entre outros assuntos, com direito a muito funk, trap e um samba, a receita ideal para cativar o coração de muitos ouvintes do país.
Pode-se dizer, então, que o ódio vem pela inovação e a mistura de ritmos, que alguns consideram “modinha” e até mesmo comercial, mas diga-se de passagem, a receita tem um perfil bem comercial e gera visibilidade para quem está começando agora, então, por que tanto preconceito?
Para tirar esse rancor do seu coração, confira uma playlist com alguns dos hits de Poesia Acústica:
Fonte: G1 | G1 | Rolling Stones | UOL
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