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Foto do escritorpor Rica Inocente

O que é ser uma empreendedora no Brasil?

Números e dicas para ajudar as mulheres que estão afim de se lançar no mercado com sua própria empresa

Ser dona do próprio negócio é incrível e assustador ao mesmo tempo, mas calma que tudo tem um jeito (Foto: Unsplash)
Ser dona do próprio negócio é incrível e assustador ao mesmo tempo, mas calma que tudo tem um jeito (Foto: Unsplash)

O empreendedorismo é uma decisão importante para muitos empresários. Quando se trata do empreendedorismo feminino, é ainda mais significativo. As mulheres estão presentes no mercado de muitas maneiras e nos últimos anos também tem ganhado a frente dos próprios negócios nas diversas áreas que a economia oferece. O empreendedorismo feminino, em teoria, é quando uma empresa é criada e gerida por mulheres, mas sabemos que vai além disso. A decisão envolve a visibilidade da mulher na sociedade e a quebra do paradigma que só o homem está pronto para empreender e criar o próprio negócio. Também é uma mudança no contexto social, onde muitas mulheres são criadas para acreditar que o homem deve ter esse papel dentro da hierarquia social, quando na verdade, qualquer uma pode ter essa iniciativa e garantir o próprio sustento a partir do que acredita. De acordo com um relatório apresentado pela Sebrae, em 2019, o Brasil ocupava o 7º lugar em um ranking de países com mulheres empreendedoras. O número é bem representativo, o que nos leva a questionar o porquê das mulheres investirem em uma empresa e não continuar na segurança de um emprego já garantido? Os motivos são vários, mas entre os piores estão a falta de oportunidade no mercado de trabalho ou, devido a maternidade, muitas empresas optam por ter colaboradoras que “se dediquem totalmente a carreira”. Uma lástima.

Mas, não apenas pela construção sexista do mercado de trabalho, as mulheres também vão atrás de abrir o próprio negócio por razões pessoais e mais nobres. Entre elas está a satisfação pessoal e fazer a diferença para a sociedade. Além dos motivos financeiros, que levam muitas a trilhar o caminho do empreendedorismo, elas querem se envolver em atividades que as agradem como pessoas e trazer inovação para o público, novos serviços e produtos que podem ser um diferencial no mercado.


Uma pesquisa da Rede Mulher Empreendedora (RME) de 2019 também aponta que uma das maiores motivações para o investimento no próprio negócio é a flexibilidade de horário e tempo para a família, dois quesitos que são desconsiderados pelos empregadores. Elas querem ser donas do próprio negócio e ainda assim continuar dando a devida atenção a família.


Para você que se pergunta o que levam os homens a empreender em relação às mulheres, a mesma pesquisa da RME afirma que, na maioria dos casos, os homens vão atrás de abrir o próprio negócio para ter uma renda extra ou por vocação natural.


Em números, representamos …

Mas, o que significa ocupar o 7º lugar no ranking de país com mais mulheres que empreendem? Segundo o relatório especial sobre o “Empreendedorismo Feminino no Brasil”, preparado pelo Sebrae em 2019, os últimos dois anos que antecederam o relatório houve um aumento de mulheres que se tornaram “chefes de domicílio”, o número passou de 38% para 45%. Com o crescimento da possibilidade do empreendedorismo feminino, o percentual de homens responsáveis pelo sustento da família caiu de 49% para 41%.


Cerca de 9,3 milhões de mulheres são empresária no Brasil, representando 34% de todos os donos de negócios do país. Em 2018, o levantamento do Global Entrepreneurship Monitor mostrou que 51% dos novos negócios abertos no país pertenciam a mulheres. Um dado da Sebrae mostrou, em números mais próximos, que Campinas/SP é a segunda cidade do estado com o maior número de mulheres empreendedoras. Na data que a informação foi divulgada, a metrópole contava com 9.581 mulheres que ofereciam empregos em seus negócios. A cidade só ficava atrás da capital, com 46.028 empreendedoras. Esse número também reflete nos registros de Microempresas individuais (MEI). As mulheres representam 48% dessas empresas.


Ramos de atuação e perfil dessas empresárias

Home office é o “escritório” de 58% das empreendedoras brasileiras (Foto: Unsplash)
Home office é o “escritório” de 58% das empreendedoras brasileiras (Foto: Unsplash)

Se a quantidade de mulheres no mercado cresce a cada dia, onde elas estão investindo?


De acordo com o relatório da Sebrae, elas se envolvem com alguns dos setores mais rentáveis e com mais impacto na economia. Entre eles estão o setor de beleza, moda e alimentação. O levantamento da RME mostra também, que 54% dos negócios operados por mulheres estão na área de serviços e que 61% desses empreendimentos foram abertos nos últimos 3 anos.


E elas também se dedicam inteiramente ao projeto. Cerca de 96% de mulheres entrevistadas para o relatório do Sebrae afirmam que só possuem o empreendimento como fonte de renda. Entretanto, a maior parte delas realizam as atividades sem o registro do CNPJ, esse número chega a 70%. Entretanto, quando a empresa é regularizada, elas representam 57% dos MEI’s abertos.

As empresárias também possuem outras peculiaridades. De todas as investidoras, 58% realizam suas atividades de casa, o tão conhecido Home Office. E a maior parte delas preferem tocar o negócio sozinha, sendo que 81% não possui sócio e 60% não contratam colaboradores para a empresa. Mas, quando essas realizam contratações, preferem outras mulheres atuando junto com elas.


Em média, as empreendedoras trabalham cerca de 30,8 horas por semana. Os horários são flexíveis, mas isso não significa que não existem dificuldades. Entre reuniões com clientes, desenvolvimento de estratégias, realização das atividades e todas as outras tarefas desenvolvidas dentro de uma empresa, a maior parte das empresárias dedicam até 16h do seu dia para realizar as suas funções.


Dificuldades na empreitada

Como em qualquer área, neste setor elas também não estão a salvo e sofrem com dificuldades para a abertura da tão sonhada empresa. O empreendedorismo já é um passo arriscado para todos que estão começando, mas para as mulheres parece que essa história ganha um degrau a mais.


Muitas optam por essa forma de trabalho para ter a independência financeira ou passar pela crise de forma alternativa e garantir o seu sustento. Muitas mulheres só tem essa saída para se sustentarem, o que é injusto, pois o empreendedorismo não deveria ser uma saída, mas sim uma opção. As pessoas, independente do sexo, deveriam ver o investimento no próprio negócio como uma opção de caminho a se tomar e não como a salvação diante do mercado de trabalho.


Além disso tem o estigma da sociedade. Como em qualquer outro setor, quando a mulher está a frente de um projeto, muitos não dão credibilidade e nem mesmo o apoio para encorajar o começo. O preconceito também é outra barreira. Apesar do papel da mulher na sociedade ter se mostrado relevante nos últimos anos, a discriminação em comparação ao sexo masculino ainda é grande. Tanto dentro da empresa como no início de um novo negócio.

Isso reflete no acesso a investimentos para os seus negócios. As barreiras imposta para que consigam um crédito para a empresa é maior dos que as imposta aos homens. Segundo o relatório da Sebrae, as mulheres conseguem empréstimos de aproximadamente R$13 mil a menos que a média liberada pelos homens e as taxas de juros são 3,5% acima do sexo masculino. Sendo que a curvatura da inadimplência não explica essas decisões. Enquanto os homens apresentam um indicador de 4,2% de inadimplência, as mulheres representam 3,7% dos devedores.


As empreendedoras também tem um nível escolar superior aos homens, mas continuam recebendo 22% menos que eles. Isso implica na autoconfiança para permanecer no setor. O desafio de tocar o próprio negócio envolve os resultados obtidos no final do mês e as decisões que devem ser tomadas ao longo dos dias para melhorar o seu produto e serviço. A considerar que muitas mulheres estão nesse caminho por necessidade, a autoconfiança de lidar com o próprio negócio é um pilar importante para ser desenvolvido.


A conciliação da vida profissional com a pessoal também é outra dificuldade. Como dito acima, muitas mulheres enfrentam o estigma de abrir e tocar a própria empresa e muitas das vezes sem apoio algum. Essas mulheres também, em alguns casos, tem uma vida pessoal para gerir, como cuidar dos filhos, da casa e muitas vezes do próprio companheiro. Entre as barreiras está a dupla jornada como empresária e dona de casa e, para aquelas que dão início a empresa muito cedo, lidar com o desenvolvimento da empresa e também com o crescimento da vida pessoal (casamento, filhos e etc).


O diferencial feminino

Mas, se por um lado elas sofrem mais com essa empreitada, por outro elas têm as suas vantagens. O empreendedorismo feminino tem características únicas que tornam a suas empresas competitivas quando comparadas aos negócios masculinos.


Segundo uma pesquisa da empresa de consultoria de desenvolvimento e liderança, Zenger/Folkman, as mulheres são líderes tão eficazes quanto os homens. Entre os diferenciais estão a rápida tomada de iniciativas, maior investimento em autodesenvolvimento, foco nos resultados, honestidade e integridade.


Além disso, são ótimas motivadoras, o que tornam as suas equipes muito mais engajadas. As mulheres são melhores ouvintes, mais empáticas e lidam bem com as emoções, desempenhando um ótimo papel para desenvolver habilidade e inspirar os colaboradores. Sem contar que são mais detalhistas, em comparação aos homens. Essa capacidade de observação é importante nas relações com a equipe e também com o produto/serviço que é oferecido pela empresa.


E, um último fator, é que elas lidam melhor com os contratempos. Visto que já enfrentam diversas barreiras para abrirem o próprio negócio, outras adversidades que surgem ao decorrer do tempo não desestrutura uma empresária. As mulheres se saem melhor ao lidarem com problemas ou barreiras dentro do negócio, tendo mais paciência e perseverança.


Como entrar para o mundo das empreendedoras?

Todavia, para passar por tudo isso, precisamos saber por onde começar e no que investir. Entre as plataformas de empreendedorismo e negócios, algumas dicas para entrar nesse mercado se repetem e podem ser unânimes na hora de abrir a própria empresa.


A Sebrae, cita entre as recomendações, que as empresárias busquem identificar o seu talento. A partir de uma auto análise, a empreendedora pode avaliar onde ela é capaz de atuar e direcionar os seus esforços para abrir uma empresa do ramo escolhido. Saber o motivo pelo qual quer abrir o próprio negócio é outra dica. Baseado nisso, fica mais fácil para a mulher encontrar o público da empresa, qual mercado vai atuar e como vai oferecer o seu produto ao cliente.


A capacitação é outra recomendação importantíssima. A educação deve ser a base de todos os projetos desenvolvidos e a partir de grupos de empresárias, palestras, workshop, cursos, estudos por conta própria, a mulher tem acesso a um conhecimento que pode ajudar a passar pelas adversidades de se ter um negócio, como também expandir a mente para trazer inovações para a empresa. O aprendizado pode influenciar no diferencial que você irá oferecer ao seu cliente, que é outro conselho a ser levando em consideração.

Muitas mulheres que pretendem se lançar no mundo dos negócios se perguntam o que podem oferecer de diferente das outras empresas que já estão no mercado. A partir da sintetização do seu perfil, com o seu público e também com o que já aprendeu, é possível desenvolver estratégias que tornem a sua forma de vender diferente de outras empresas, mesmo que o produto ofertado seja o mesmo.


O blog da Neon, Foca no Dinheiro, também traz algumas dicas para quem está em busca de ter o próprio negócio. A primeira recomendação é ficar de olho nas tendências de negócios. Se você está antenado nesse mundo e pretende investir nele, saberá identificar as oportunidades certas para começar a própria empresa. Outra dica é o networking. A partir da rede de contato com outras empreendedoras, você pode ter referências de negócios que deram certos e também orientadoras que podem te auxiliar nesse caminho.


O texto também apresenta três dicas importantes que são negligenciadas em muitos casos: a elaboração de um plano de negócios, formalização dos negócios e ter uma linha de crédito. De acordo com a pesquisa da RME (Rede Mulher Empreendedora), 49% das mulheres abrem um negócio sem planejamento prévio e apenas 34% delas se sentem capazes de realizar um planejamento de negócios.


O plano de negócios levanta questões essenciais para as quais vão guiar as suas decisões na hora de abrir uma empresa. A empresária irá responder perguntas básicas que vão servir como um painel para elaborar estratégias e até mesmo ver se a sua empresa ou se o ramo desejado é viável e necessário para o mercado.


Quanto a regularização da empresa, no relatório da Sebrae, que já foi mencionado anteriormente, 70% das mulheres empreendedoras atuam sem um CNPJ. É um passo importante para todas as empresárias, pois isso formaliza a sua marca e é um processo rápido e que pode ser realizado através de escritórios de contabilidade, que irão analisar a empresa que está propondo e indicar a melhor opção. Entre o empreendedorismo feminino, o mais indicado é o MEI (Microempreendedor Individual).


E, quanto a linha de crédito, em muitos casos nem é a falta de interesse, mas também as barreiras impostas as empresárias para garantir o capital necessário. Muitos bancos oferecem linhas de créditos específico para mulheres, mas em muitos casos, como dito anteriormente, as mulheres têm acesso a um capital muito abaixo do que é oferecido aos homens e com os juros muito mais acima. Uma sugestão é apostar no programa desenvolvido pela Caixa, o Caixa Mulheres, que possui taxas e tarifas reduzidas para apoiar micro e pequenas empreendedoras.






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