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Foto do escritorpor Rica Inocente

O que você precisa saber sobre Apropriação Cultural antes do Carnaval

Termo está em alta devido ao feriado prolongado mas poucas pessoas sabem o que é e como funciona

Uso de adornos, roupas, expressões linguísticas e outros elementos de um grupo social  podem ser considerados apropriação cultural (Foto: Unsplash)
Uso de adornos, roupas, expressões linguísticas e outros elementos de um grupo social podem ser considerados apropriação cultural (Foto: Unsplash)

Na época do carnaval uma das discussões que surgem, além do assédio nos blocos de rua, é a apropriação cultural. Mas o que significa o termo e por que isso é visto com maus olhos pela cultura que se sente subjugada?


O que é?

Ganesha, deusa da religião indiana (Foto: Unsplash)
Ganesha, deusa da religião indiana (Foto: Unsplash)

A apropriação cultural é quando indivíduos de uma certa cultura utiliza elementos de um outro grupo cultural, como por exemplo a forma de se vestir, ou de caracterizar, as gírias ou algum comportamento específico, a arte, religiões ou outras expressões de uma determinada cultura.


Muitas vezes, a cultura que foi “surrupiada” por outro indivíduo é de uma grupo de pessoas que é excluído da sociedade, como povos indígenas, pessoas negras, ou algum outro grupo social que é minoria ou marginalizado pela sociedade atual. E esse contingente de pessoas acaba se prejudicando, não diretamente, com a utilização da imagem de forma descontextualizada.


Como funciona?

 Índio norte-americano (Foto: Unsplash)
Índio norte-americano (Foto: Unsplash)

Em muitos casos, as pessoas que ‘praticam’ a apropriação cultural não tem conhecimento sobre o ato e age de forma inocente. Mas nada que uma boa pesquisada no meio sociológico não leve a entender que aquilo foi errado e que corrija seus atos no futuro. Mas, o que poucos não entendem é que o problema não está em reproduzir o elemento de outra cultura, mas sim tirar essa característica do seu contexto.


Quando isso acontece, esses símbolos perdem o seu real significado e ganham uma nova interpretação, algumas vezes divergentes, outras nem tão relevantes. Mas o fato de distorcer a imagem daquele elemento cultural é o x da questão. Entre os exemplos mais comuns estão as pessoas brancas usarem dreads, o uso de turbantes por pessoas brancas e também as fantasias de índio no carnaval.


Discussões

Meninas participando de evento cultural (Foto: Unsplash)
Meninas participando de evento cultural (Foto: Unsplash)

Apesar de ser um assunto recente, a apropriação cultural é algo que já acontece a muito tempo e que sempre incomodou o grupo atingido. A maior parte da discussão está voltada para “posso ou não posso”. O fato é que ninguém vai proibir a pessoa de usar dread ou colocar um turbante ou coisa parecida, mas antes a pessoa precisa entender como isso vai ou não impactar na vida dela.


Alguns elementos apropriados por outras culturas levam um significado forte, às vezes ligados a luta de determinado grupo e quando é utilizado por parte da sociedade que não conhece essa história, isso se torna um problema. Dentro dessa história, existem diversos discursos, desde o “pode, mas..” até o “não pode, nunca!” e os dois devem ser ouvidos.


Parte disso quer que as pessoas tenham conhecimento da cultura, saibam das lutas, o que passou e o que aquilo realmente significa, antes de começar a reproduzir aquilo. Mas outra parte quer apenas defender que é um ultraje o cidadão de um grupo social dominante utilizar daquele elemento para se expressar, quando aquela mesma pessoa discrimina tais características quando um indivíduo da cultural tradicional o reproduz.


O conceito e a aplicação é um tanto quanto confuso, mas como é um assunto que está em alta devido às redes sociais e a chegada do carnaval, nada que um Google não possa ajudar nessa definição e esclarecer mais sobre o assunto. Mas o importante é entender que a apropriação cultural não é um “mimimi” da nova geração, mas sim uma discussão saudável para que todos entendam o seu espaço dentro da sociedade.


Carnaval e os limites

Como de praxe, a chegada do carnaval traz um exemplo prático do que é apropriação cultural. O exemplo deste ano foi a atriz Alessandra Negrini que desfilou durante um bloco pré-carnaval em São Paulo, com um cocar e pinturas indígenas no rosto e no corpo. Ela foi duramente criticada nas redes sociais e o seu posicionamento foi que “a luta indígena é de todos”.


Isso não foi bem aceito e, antes mesmo da data chegar, as pessoas já começaram a falar na internet sobre os próximos casos que estavam por vir e começando a preparar um guia prático do que não fazer durante os próximos dias de festa, como assédio sexual, brincadeiras racistas ou homofóbicas, entre outros pontos, que são sempre comentados nessa época do ano.

O bom disso é que além das discussões à respeito da cultura alheia, as pessoas acabam se informando mais e conhecendo o histórico daquele elemento. O foco não é proibir que aconteça, mas sim educar as pessoas para que elas entendam que aquele comportamento é errado e que aquilo tem um outro significado.


Os críticos mais ferrenhos vão estar presente, mas eles não estão errados em defender algo que representa a sua história, eles querem os devidos créditos e reconhecimento sobre aquilo que está sendo reproduzido. É uma luta por aceitação social, eles querem que a cultura seja aceita por todos, independente de quem está utilizando.


Porque se parar para pensar, é preconceituoso, por exemplo, aceitar tranças/dreads/turbantes em uma pessoa branca, mas achar errada em uma pessoa negra. Ou até mesmo achar divertido usar cocar e pintura no rosto, mas apoiar o fim das demarcações indígenas e fechar os olhos para o genocídio indígena. É tudo uma questão de aprendizagem, você não pode exigir algo que não é seu, mas pode aprender com o que está sendo dito!


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