O Dia Internacional da Mulher chegou, mas nós, mulheres, não devemos comemorar e sim continuar batalhando por nossa sobrevivência
Dia 08 de março é comemorado o Dia Internacional da Mulher. Para quem não conhece a historia, a data é comemorada desde o século 20 em razão das lutas feministas para exigir seus direitos e condições de trabalhos melhores. Uma das explicações para essa data é o incêndio em uma fábrica de Nova Iorque no dia 25 de março de 1911, onde 125 mulheres morreram, o que trouxe à tona as más condições que elas aturavam durante a Revolução Industrial, sem contar os assédios que eram cometidos pelos patrões, que na época, eram ainda mais machistas do que hoje.
Apesar dos grandes avanços e conquistas que as mulheres obtiveram nos últimos anos, ser do sexo feminino ainda é muito perigoso. Segundo uma pesquisa do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, realizado pelo Datafolha no ano passado, 1 em cada 4 mulheres já passou por violência no Brasil. O mesmo levantamento aponta que, em 2018, 27,4% das brasileiras acima dos 16 anos, sofreram algum tipo de violência.
Para se ter uma noção de como a coisa é feia por aqui, nem dentro de casa as mulheres estão seguras. De acordo com esse relatório, nomeado “Visível e Invisível: a vitimização de mulheres no Brasil”, os casos de violência domestica marcam 42% dos ocorridos, sendo que 52% das vítimas não denunciam o agressor ou buscam por ajuda. Os números ainda revelam que 8 em cada 10 mulheres sofrem violências vindas de seus namorados ou maridos (23,9%), ex-namorados ou ex-companheiros (15,2%), irmãos (4.9%), amigos (6,3%) e pai ou mãe (7,2%).
A situação se torna ainda pior quando analisamos os casos de feminicídio, que obteve um aumento de 12,9% em 2018 em comparação ao ano anterior, em São Paulo. O homicídio qualificado como feminicídio foi definido pela Lei n 13.194 de 2015, que estabelece penas maiores para os casos em que o assassinato é motivado pelo fato da vítima ser mulher. Vocês entendem que chegaram a um ponto onde se criaram uma lei para classificar a morte de mulheres, só por elas serem mulheres? O crime corresponde a 27% do total de homicídios doloso de mulheres no estado de São Paulo, que somaram 548 casos em 2018. A morte de mulheres tem aumentando desde que a lei foi instituída.
Agora vem o ponto importante, por que comemoramos o Dia Internacional da Mulher, com propagandas fofas e empoderadas se continuamos matando nossas mulheres? Não temos motivos para celebrar essa data se ainda queimamos elas vivas, as espancamos enquanto dormem, agredimos verbalmente quando negam um homem ou abusamos sexualmente delas só pelo fato de achar que temos algum tipo de poder sobre o corpo dela.
O Brasil não cuida da vida da mulher, o estado até acha que tem o direito de controlar o corpo alheio, impedindo que mulheres façam suas próprias escolhas devido a crenças de quem está governando. Como acreditar que esse país vive no século 21, onde ainda temos que explicar para os homens que não realmente significa não e que isso não é uma graça ou um charme para chamar atenção.
Não podemos comemorar o Dia Internacional da Mulher se mulheres denigrem outras mulheres, as acusando invés de as protegerem, ou até mesmo julgam a sua situação, agindo de forma machista. Deveríamos estar todas juntas e lutar contra as dificuldades e imposições que ainda sofremos, mas muitas ainda acham que ser feminista é odiar os homens e serem lésbicas, quando na verdade é lutar pelos próprios direitos e ter a chance de opinar na sua própria vida e cuidar dela da forma que lhe for conveniente.
O Dia Internacional da Mulher devia marcar uma data onde a classe feminina exalta suas conquistas e tem reconhecimento por ser mulher e ser respeitada por isso. Não por garotas de 19 anos sendo assassinadas por namorados depois de serem estupradas por cunhados.
Infelizmente, não será esse ano que as mulheres terão plenitude em suas revoluções e ainda terão que enfrentar muitas disputas para se reafirmarem todos os dias, nos próximos anos. Boa sorte para nós!
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