Na última terça-feira, 20 de fevereiro, a Câmara Federal aprovou a intervenção militar no Rio de Janeiro. Acatada pela maioria dos parlamentares, o objetivo da ação é conter a crise de segurança pública o Estado. Com a operação ativa, o controle da segurança do estado passa das mãos do governados Luiz Fernando Pezão, para o Chefe do Comando Militar Leste, general Braga Netto.
Prevista na constituição, a intervenção permite que a União tenha controle sobre os Estado, passando por cima até mesmo dos governadores. No caso do Rio, a intervenção será focada na área de segurança.
Essa não é a primeira vez que as forças militares realizam operações no Rio. A primeira foi em 1988, após isso ouve diversas ocupações, como a do Complexo do Alemão e da Maré, em 2007, 2010 e 2016, e também durante a Copa e as Olimpíadas.
A intervenção já está valendo e vai até dezembro deste ano, dando ao general Braga Netto, acesso ao comando da Secretaria de Segurança, Polícias Civil e Militar, Corpo de Bombeiros e do sistema carcerário do Rio.
Entretanto, a decisão não agradou a todos do mesmo modo, levantando uma dúvida razoável sobre a funcionalidade da interferência. Em depoimentos encontrados na internet, os moradores das regiões ocupadas pelo exército afirmam que a ação impede os moradores de seus direitos de ir e vir, zomba da sua privacidade e aumenta os casos de abusos de autoridade.
E, para atenuar a situação, foi solicitada ao governo federal um mandato coletivo de busca e apreensão para atuar durante o período da operação. Sem contar o que os moradores estão passando por cadastramento nos seus próprios bairros, para garantirem o direito de circularem. E a mídia, em breve, não terá mais acesso ao local, uma vez que já barraram a equipe de reportagem da Folha, por “intimidarem” o trabalho que eles realizavam.
A crise do que está ocorrendo na cidade do Rio está longe de se estabilizar, uma vez que a intervenção não vai garantir que o verdadeiro x da questão seja resolvido. O problema não está nas periferias, onde militares abusam dos seus poderes e impedem os moradores de realizarem suas atividades cotidianas. O grande problema está aonde ninguém quer chegar.
As pessoas precisam acordar para perceber que os problemas envolvendo a crise, a guerra, não estão entre as pessoas que estão nesses lugares e sim nos governadores. Políticos estão envolvidos em crise, em tráfico e em dominação de território, tudo não passa de uma disputa boba, para saber quem vai ficar com mais. A polícia não resolve porque ela está envolvida, é corrupta, não todos, mas a maioria. Colocar o exército nessa equação não vai resolver, vai limpar a imagem da cidade, que é caótica, recuperar o brilho da cidade maravilhosa e após dois ou três meses que as forças armadas se retirarem, tudo voltará como era, ou pior.
O Rio de Janeiro precisa de uma limpa generalizada de todos os seus pilares de comando, ela está empesteada há tempos e ninguém possui a capacidade de colocada de volta aos trilhos. A população não precisa de mais repressão e mais violência em suas vidas, elas precisam de paz e de um ambiente seguro para se viver.
(Texto: Ricaella Inocente | Imagem: Pragmatismo Político)
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