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Foto do escritorpor Rica Inocente

Em débito com o ceifador de almas

A quantidade de vidas que já embarcaram dessa para outra nas primeiras semanas do ano assustam a todos e esperamos que termine por aqui

(Créditos: Rodolfo Buhre – Fotoarena/Estadão Conteúdo)

O começo do ano tem sido um tanto quanto conturbado para a nação brasileira. Contabilizando os últimos eventos ocorridos em todas as partes do Brasil, já somamos 350 mortos e hoje é dia 11 de fevereiro. A lista envolve famílias inocentes devastadas por avalanches de lama, vidas levadas embora devido as fortes chuvas que ocorreram no Rio, meninos em busca dos seus sonhos que morreram enquanto dormiam e, para finalizar os últimos segundos, perdemos um dos maiores jornalistas do Brasil.


O almoço de hoje foi abalado pela queda do helicóptero que levava o jornalista Ricardo Boechat de volta a São Paulo, após participar de um evento no Centro de Convenções Royal Palm Hall, em Campinas. O apresentador do Jornal da Band morreu devido a queda. A morte dele abalou em cheio o meio da comunicação, trazendo a tona o histórico do jornalista, que ganhou diversos prêmios durante a sua carreira e passou pelos veículos mais importantes do Brasil. Ele também era conhecido pelos seus comentários políticos polêmicos e era inspiração para muitos jornalistas que já atuam na carreira e que estão começando.


Mas, o acontecimento de hoje foi só a ponta do ice berg. Começamos pelo desabamento da barragem em Brumadinho, Minas Gerais, que já totalizam 165 mortes confirmadas, com 160 corpos identificados e 155 pessoas desaparecidas. A barragem da Vale se rompeu no dia 25 de janeiro, levando embora tudo o que encontrava pela frente. De acordo com as apurações realizadas, a Vale já tinha conhecimento das condições da barragem e mesmo assim, nenhuma medida foi tomada para impedir a tragédia.

(Créditos: André Penner - AP)

O rompimento trouxe a tona o caso de Mariana, onde outra barragem da Vale também se rompeu, acabando com a vida de muitas pessoas e deixando vítimas sem indenizações até hoje. Sem contar que, a Minerador Vale possui outras barragens nas mesmas situações da de Mariana e Brumadinho, espalhadas por diversas cidades de Minas Gerais. O acontecimento, além de prejudicar diversas famílias, também implica num grande desastre ambiental, uma vez que os tóxicos espalhados pela lama contaminam o solo, os rios e prejudicam as vidas dos animais que vivem naquela região, sem contar que a lama tóxica irá chegar ao mar e contaminar também, a vida marinha do litoral brasileiro.


Como notícia ruim não vem sozinha, com as buscas em Minas ainda à tona, a cidade do Rio de Janeiro é atingida pro duas tragédias, em questões de horas. A começar pela noite do dia 06 para o dia 07 de fevereiro, quando os bairros da zona sul e oeste da capital foram atingidos por fortes chuvas e causaram a morte de sete pessoas. E, no dia seguinte, as pessoas mal tinham se recuperado das águas e já foram surpreendidos em cheio pelo incêndio na madrugada do dia 08 para o dia 09 de fevereiro, que se alastrou no centro de treinamento e futebol do Flamengo, conhecido como Ninho do Urubu, na zona oeste.

(Créditos: Roberta Jaworkis – Arte G1)

O alojamento abrigava meninos que jogavam nas categorias de base do clube, entre eles dez foram mortos e três ficaram feridos. Eles morreram dormindo, enquanto estavam seguindo os seus sonhos. Não há sentimento mais ruim do que imaginar o que era para aqueles meninos, estarem realizando uma meta de vida e terem seus sonhos interrompidos por irregularidades que podiam ter sido resolvidas, para que vidas não tivessem se perdido num evento tão trágico.


Para colocar uma cereja no bolo da desgraça, na sexta feira, no Moro do Fallet, região central do Rio, 14 pessoas foram mortas numa operação da Polícia Militar, motivada pelos confrontos entre quadrilhas rivais nos morros do Fallet, da Coroa e do Fogueteiro. Nesse caso, as investigações ainda não foram iniciadas para se determinar se a violência policial foi mesmo necessária ou só outro caso de abuso de poder.


No final, a única conclusão que podemos chegar é de que o país está em dívida com as almas ceifadas no primeiro semestre do ano. A vida humana está tão descartável quanto o plástico usado sem necessidade nos fast-foods da vida, a qualquer momento alguém morre, de negligência de terceiros ou acasos inesperados. Estamos em débito e a conta só se afunda ainda mais no vermelho, ou no marrom, como preferir.


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