Com apenas três meses de 2018, os EUA já acumulam um total de 1.816 pessoas mortas devido à utilização de armas de fogo, de acordo com os dados mais recentes da organização Gun Violence Archive . Sem contar os suicídios. Já houve 30 tiroteios em massa, classificação designada quando há mais de quatro mortos no ataque. O tiroteio mais recente foi o na escola de ensino médio em Parkland, na Flórida, onde o atirador matou 17 pessoas.
O último massacre levou jovens as ruas da Flórida e a Casa Branca para protestar a relação de controle de armas de fogo no país. Os números estimam que, 40 pessoas são assassinadas por dia, um número alarmante para um país que representa a superpotência. O presidente Donald Trump, após os protestos e muito custo, cedeu à pressão social e afirma que haverá mudanças nas normas de armamento civil.
Entretanto, isso não é bastante para alguns políticos brasileiros. A cultura do país há muito tempo já importou muitos costumes da nação norte americana, desde hábitos alimentares a preferências esportivas, o Brasil adotou o American Way of Life com sucesso. Mas, é claro que nem tudo é um mar de flores, querem importar também o porte legal de armas para os "cidadãos de bem".
Os dados mais recentes do Brasil apresentam que 60 mil pessoas foram assassinadas, de acordo com o Atlas da Violência 2017, realizado pelo Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (IPEA). Entre esses, 43.200 foram mortos por armas de fogo. Caso a permissão passe a valer, os banhos de sangue nas ruas do país só irão aumentar.
Um dos políticos que apoia a causa é o já conhecido deputado federal Jair Bolsonaro, que afirma que, assim que eleito, todos terão acessos a armas de fogo. Os acontecimentos recentes nos EUA não simbolizam nada para ele, que está na lista para presidência deste ano e possui o apoio de muitos brasileiros.
O Brasil já é considerado um dos países mais violentos do mundo, sendo que o porte de armas ainda é ilegal. Muitos civis já sofrem com o medo de andar nas ruas de suas cidades e a arma não será a sua proteção. As pessoas não têm a maturidade para lidar com esse tipo de responsabilidade, afinal, para ter um objeto que tem a capacidade de tirar a vida de outro ser vivo, a pessoa deve ser provida de muita responsabilidade e consciência social, pois isso não é um brinquedo.
Os casos na America do Norte deviam ilustrar um cenário onde não deveríamos nos encaixar, uma vez que já temos muitos problemas relacionados à violência no Brasil. Uma vez que o cidadão estiver armado, ele não irá usar apenas para a sua proteção. Irá usar para ameaças, violência doméstica, brigas no trânsito, desentendimentos entre vizinhos e outros acontecimentos do nosso dia-a-dia. Colocar uma arma na mão de civis despreparados, só irá aumentar o índice apresentado pelo Atlas da Violência.
(Texto: Ricaella Inocente | Imagem: Shutterstock)
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